Pelo menos três grandes redes de supermercados que tinham interesse em se instalar em Londrina em 2011 tiveram que adiar os planos. Os grupos Angeloni, Destro e Condor, têm terrenos na cidade, mas encontram empecilhos para trazer novas lojas ao município. De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL), Nivaldo Benvenho, a maior barreira para os grupos é a chamada "Lei da Muralha".
Com terrenos nas proximidades da rua Humaitá e da avenida Madre Leonia Milito, o Condor e o Angeloni, respectivamente, ficam impedidos de construir estabelecimentos de grande porte devido à lei. "Pela 'Lei da Muralha', as redes não podem construir supermercados de grande porte, que é o interesse deles", explicou Benvenho. Segundo ele, as redes aguardam o fim das discussões sobre a lei, que está na pauta da Câmara de Vereadores, para decidir um plano de negócio. "Vão ver se mantém o plano de negócio de um grande supermercado ou se adaptam o projeto".
Em abril deste ano, o Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) confirmou o interesse dos grupos e garantiu a negociação de benefícios como isenção de IPTU e algumas taxas municipais como incentivo às instalações. A reportagem do Bonde tentou contato com o presidente o órgão, Márcio Kumagai, para comentar as negociações, mas não obteve resposta.
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Os terrenos adquiridos tem entre 30 e 38 mil metros quadrados. Na época, o Codel chegou a afirmar que a vinda de cada um dos grupos deveriam gerar cerca de 300 empregos diretos em Londrina.
Supermercado e loja de construção sob ameaça
O grupo Destro, de Cascavel, aguarda apenas a finalização do projeto para se instalar na cidade. Em entrevista ao Bonde, o presidente do grupo, João Destro, informou que há interesse no mercado londrinense não somente para um supermercado, mas também para uma loja de materiais de construção. "Estamos em fase de execução do projeto para Londrina. Lá, o plano inclui o Armazém da Maria e o JD Home Center".
O terreno do grupo Destro tem 38 mil metros quadrados e fica na PR-445, próximo à Fazendinha, segundo João Destro. Caso a "Lei da Muralha" sofra alterações, conforme deseja a prefeitura de Londrina, ambos estabelecimentos podem ser prejudicados.
Lei da Muralha
Aprovada em 2006, na gestão de Nedson Micheleti, a "Lei da Muralha" restringe a instalação de grandes empreendimentos como supermercados e casas de material de construção em um quadrilátero que abrange boa parte do perímetro urbano de Londrina.
Neste ano, o prefeito Barbosa Neto e o vereador Roberto Fu, ambos do PDT, entraram em embate em relação a lei. Isso porque o Executivo elaborou um projeto que prevê a modificação da lei, enquanto Fu pretende revogá-la. Barbosa defende a mudança do quadrilátero que inclui a "Lei da Muralha", retirando a zona norte do projeto. Ele também pretende adicionar os shoppings nas restrições da lei.
No último dia 19, o Ministério Público enviou uma recomendação à Câmara de Vereadores pedindo a revogação da lei. O pedido é o primeiro passo para uma possível ação de inconstitucionalidade.