O excesso de chuva nos últimos quatro meses tem prejudicado a colheita de cana-de-açúcar no Paraná e, em consequência, a produção de álcool. No entanto, as usinas garantem que não faltará o produto para abastecer o mercado interno.
A informação é do presidente da Associação dos Produtores de Bionergia do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena. Segundo ele, a situação é tão crítica que as usinas voltaram a trabalhar ontem ''depois de ficarem dez dias sem moer uma cana''. Apesar da garantia, ele reconhece que os estoques de álcool estão baixos.
Tormena diz que o excesso de chuva aumenta os custos e reduz o tempo útil da moagem de cana. Segundo ele, o índice de aproveitamento na indústria, que geralmente fica na média de 85%, caiu para 65%, ou seja, uma redução em torno de 20%.
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''Deveríamos trabalhar pelo menos 85 dias em cada 100, mas, na verdade, estamos trabalhando 65 ou 67 dias por causa das chuvas''. Além disso, os custos aumentam porque a umidade reduz a produtividade e a qualidade da cana que já estava cortada no campo e os trabalhadores continuam recebendo os salários normalmente, mesmo sem produção.
Não é somente a chuva que está contribuindo para baixar os estoques de álcool. Há pelo menos outros dois motivos. O primeiro, segundo informa o presidente da Alcopar, é que as usinas devem priorizar a produção de açúcar para honrar os compromissos firmados em contrato. ''A venda do açúcar é feita com antecedência, normalmente na safra anterior, e existem sanções pesadíssimas para quem não entregar no tempo combinado e, por isso, os empresários buscam primeiro cumprir aquelas obrigações''.
Outro motivo é que a demanda por álcool vem aumentando no Brasil expressivamente. De acordo com o empresário, o consumo mensal do País no ano passado era de 1,6 bilhão de litros, enquanto em 2009, o volume subiu para 2 bilhões de litros (incremento de 25%). O crescimento, na sua avaliação, se deve à melhoria do poder aquisitivo dos trabalhadores e ao aumento do número de carros em circulação ''porque há muita facilidade para a compra de veículos''.
Apesar das interferências climáticas, a situação atual não é de toda ruim para as usinas. O presidente da Alcopar diz que o preço do álcool no primeiro semestre deste ano não cobria sequer os custos de produção. Agora, com a escassez de produto e aumento de consumo, o litro do álcool sai das usinas por R$ 1,10, e somando os custos de transporte e margem de lucro das distribuidoras e revendedores, chega ao consumidor final por R$ 1,70 ou R$ 1,75, em média.