Com uma fortuna estimada em cerca de R$ 45 bilhões pela revista americana Forbes no começo do ano passado, o empresário Eike Batista viu suas cinco empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderem mais de R$ 11 bilhões este ano. Um levantamento da consultoria Economática mostrou que, no fim de 2010, as empresas valiam R$ 83,5 bilhões, contra R$ 72,1 bilhões até 9 de fevereiro.
As ações da empresa de mineração (MMX) foram as que mais sofreram em termos de variação, com queda de 18,7%. Os papéis da companhia de logística (LLX, com -15,6%) e de equipamentos e serviços navais (OSX, com -16,8%) também tiveram fortes baques. Apenas a MPX Energia teve rentabilidade positiva no período, com alta de 21,9% nas ações.
Mas a maior queda nominal em valor de mercado veio da OGX Petróleo, que encolheu R$ 9,5 bilhões depois de os papéis perderem 14,8% no período. Um dos motivos para o recuo foi a expectativa frustrada de que a empresa poderia vender parte de seus ativos na Bacia de Campos, o que estava programado para acontecer até outubro de 2010. "As ações passaram a cair com boatos de que a venda não seria mais no ano passado, e vêm caindo desde então", afirmou um analista de um grande banco de varejo que preferiu não se identificar.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
A queda foi apontada como um dos motivos para que Eike tenha convocado seus diretores, analistas e imprensa para duas teleconferências na quarta-feira. "Pode ter sido minha culpa por não ter vindo aqui falar antes com vocês, apresentar o andamento de minhas empresas", disse o bilionário, na ocasião.
Eike explicou que decidiu não vender os ativos por avaliar que o preço não estava justo, lembrando que se tratava de um período atípico, com eleições e com a megacapitalização da Petrobrás, que concentraram as atenções dos investidores.
"Eu aprendi que existe uma hora certa para vender", afirmou Eike, dizendo ter apostado numa valorização de 30% a 40% dos ativos. "Valeu a pena esperar. Cada vez que você tem mais dados, você sobe o valor por barril."
Outro motivo para a baixa eram boatos sobre um relatório indicando que as reservas de petróleo e gás poderiam eventualmente ser menores do que o estimado anteriormente. Mas o empresário também esclareceu a questão, mostrando tranquilidade e dizendo confiar na independência da empresa responsável pela análise, recebendo do mercado um voto de confiança à OGX, cuja ação fechou ontem em nova alta de 4,8%. Nos dois dias anteriores, na esteira do pronunciamento de Eike, os papéis já registravam fortes altas.
A empresa também anunciou a conclusão da perfuração do poço OGX-26, outra boa notícia para o mercado. O potencial de vazão de 40 mil barris por dia do poço é equiparável aos melhores poços da Bacia de Campos, só que em águas rasas e próximo da costa, o que reduz custos de extração.
Saúde. Na ofensiva durante as entrevistas, Eike também reforçou em diferentes momentos que estava bem de saúde, negando supostos rumores de que estaria tendo colapsos nervosos, o que poderia decorrer da queda das ações e da evasão de executivos. Mas, de nove analistas consultados pela Agência Estado nos últimos três dias, nenhum havia acompanhado boatos sobre problemas de saúde.
Agora, o mercado aguarda a divulgação do relatório sobre as reservas que saem ainda no primeiro trimestre e notícias sobre possível venda de ativos, no caso da OGX. Também avaliará o início de geração de fluxo de caixa de três (MPX, OGX e OSX) das cinco empresas com capital aberto, programado para agosto.