O ciclo de alta do dólar, que encerrou a segunda semana de maio com valorização de 1,56%, valendo R$1,954 para a compra e R$ 1,956 para a venda, não deve perdurar por muito tempo, afirmaram especialistas ouvidos pela BBC.
Influenciada pelo mau humor dos mercados, em especial pelas incertezas sobre os rumos da economia europeia, a moeda americana subiu 0,2% na última sexta-feira, 12, atingindo sua quinta alta semanal consecutiva e acumulando valorização de, aproximadamente, 4,6% neste ano.
Embora não descartem a hipótese de que o dólar venha a ultrapassar a barreira dos R$ 2, é pouco provável que o governo não siga atento à valorização da divisa americana e lance mão de medidas, caso necessite interromper a trajetória de alta, preveem os analistas.
Eles acreditam, entretanto, que a moeda dos Estados Unidos oscile em torno da cotação atual, entre R$ 1,90 e R$ 2.
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"Ainda não se pode garantir que a desvalorização do real seja permanente. Por ora, a alta do dólar é resultado de um conjunto de fatores, e não tem influenciado tão fortemente o preço dos bens de consumo a ponto de gerar inflação e demandar uma ação imediata do Banco Central", disse à BBC Brasil o ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Maílson da Nóbrega.
Entre tais fatores - que explicariam a valorização do dólar citada pelos economistas, estão a indefinição sobre o futuro da economia europeia, a queda no preço internacional das commodities, principalmente, as metálicas, e as políticas recentemente adotadas pelo governo brasileiro, desde a redução da taxa básica de juros, a Selic, até mecanismos de controle cambial.
"Com a escalada do temor sobre a crise da dívida grega e de outros países europeus, investidores de todo o mundo tendem a buscar um porto seguro, no caso, os Estados Unidos, e tirarem dinheiro de países emergentes, como o Brasil", afirmou Samy Dana, professor de economia da EAESP-FGV.
"Aqueles investidores que também apostavam nos juros elevados acabaram revendo suas posições. A desvalorização do câmbio é, portanto, um reflexo do posicionamento desses capitais, parte dos quais buscam a saída na medida que a rentabilidade cai", avalia Paulo Rabello de Castro, diretor-presidente da agência de classificação de risco SR Ratings.
"Por fim, além da queda no preço internacional das commodities, que traz menos dólares ao país, valorizando a moeda americana, há um elemento gerador de incertezas no discurso do governo, que, em sua cruzada por juros menores, dá sinais erráticos aos mercados com suas intervenções. Tudo isso impacta negativamente o câmbio", defende Maílson da Nóbrega.