O início de 2011 não está sendo positivo para as vendas de veículos. E as concessionárias seguem com os estoques cheios, com período de escoamento de 40 dias - maior que a média, de 25 dias.
O cenário deste início de ano segue o registrado na última quinzena de dezembro, quando houve queda de 40% no tráfego de consumidores nas concessionárias. Com isso, as concessionárias terminaram o ano de 2010 com 20% a mais de carros lacrados nos estoques.
Com isso, as montadoras não têm muito o que comemorar neste início de ano. A análise é do economista da Agência de Varejo Automotiva MSantos, Ayrton Fontes. "A concorrência entre as montadoras e as redes de concessionárias não permitem margens de lucro positiva. Praticamente vendem pelo preço de custo e algumas vezes até mais baixo", afirma.
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De acordo com ele, as maiores montadoras são as que deverão sentir mais o efeito das vendas sem margem de lucro. "A concorrência acirrada sempre vai balizar por baixo os preços dos veículos, exceção de algumas concessionárias que operam marcas importadas", completou.
Diante desse cenário, os consumidores que pretendem comprar um carro zero quilômetro têm a chance de encontrá-los ainda mais baratos. Para Fontes, janeiro deve ser um mês de grandes promoções.
Medidas
Embora os consumidores estejam acomodados, o economista acredita que as medidas do Banco Central não provocaram os efeitos desejados. No último mês, o Banco Central aumentou o fator de risco e o compulsório dos bancos a fim de reduzir a oferta de crédito para o consumidor.
No caso de financiamentos de veículos, aqueles com prazos iguais ou superiores a 24 meses estão mais caros. Na avaliação de Fontes, porém, juros mais altos ainda não afastam os consumidores. "Os consumidores já absorveram o impacto do aumento das taxas de juros, ou seja, como não fazem a conta, o que vale é se o valor da parcela cabe no bolso", afirma.
Para este ano, Fontes acredita que o Banco Central deve anunciar mais medidas para o setor.
Apesar de a última quinzena de 2010 ter encerrado com queda no movimento de consumidores nas concessionárias, o economista calcula que, no geral, dezembro deve ter registrado alta de 10% nas vendas de veículos zero quilômetro, na comparação com novembro, considerando automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Para ele, com o desempenho de dezembro, o ano deve ter encerrado com a venda de 3,5 milhões de veículos novos.