Passado o processo de abertura de capital, a Companhia Brasileira de Meios de Pagamento, mais conhecida como VisaNet, se prepara para trabalhar em um ambiente de maior competitividade a partir de 2010. E, para não perder espaço no mercado de meios de pagamentos eletrônicos, a saída será trabalhar com outras bandeiras de cartões de débito e crédito. "Há uma possibilidade grande de trabalharmos com a Mastercard a partir de junho de 2010", afirmou ontem à noite o presidente da companhia, Rômulo de Mello Dias, na premiação "Maiores e Melhores", da revista Exame.
A VisaNet hoje é a credenciadora exclusiva dos estabelecimentos que aceitam os cartões da bandeira Visa. É também a empresa que faz a captura e liquidação das transações feitas com cartões dessa bandeira. No entanto, em junho de 2010 essa exclusividade termina, abrindo espaço para que a VisaNet faça o credenciamento de outras bandeiras. Já a Visa poderá autorizar outras empresas a credenciarem estabelecimentos.
Sua concorrente direta é a Redecard, que faz o credenciamento e captura da Mastercard. Nesse caso, a exclusividade entre a credenciadora e bandeira não existe desde o ano passado, embora nenhuma outra empresa faça o credenciamento de estabelecimentos com a bandeira Mastercard. HSBC e Santander receberam a autorização, mas não entraram nesse mercado.
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Em teoria, com o fim da exclusividade, VisaNet e Redecard disputariam os mesmos clientes, abrindo possibilidade para os estabelecimentos negociarem melhores taxas de administração e reduzirem os custos de aluguel de equipamentos. Hoje, um lojista que queira aceitar as bandeiras Visa e Mastercard precisa fechar contratos diferentes com as duas credenciadoras e, como consequência, pagar o aluguel de ao menos duas máquinas de captura de transações, os chamados terminais de POS (point of sale). A VisaNet tem 46,8% desse mercado, contra cerca de 35% da Redecard.
Regulação
Dias preferiu não comentar os estudos do governo federal para a mudança da regulação desse setor. O executivo afirmou, no entanto, que não está nos planos da VisaNet compartilhar a rede com empresas que tenham, por exemplo, interesse em credenciar estabelecimentos, mas não queiram investir em uma estrutura de captura e liquidação de transações. O que a empresa faz hoje, e deverá prosseguir nos próximos meses, é o projeto-piloto de compartilhamento de POS com a Redecard. O mesmo terminal aceita duas bandeiras de cartões, embora o lojista tenha de manter contratos de credenciamento com as duas empresas.
O governo está incomodado com a forte concentração de mercado das duas empresas - Redecard e VisaNet possuem em torno de 80% do mercado de captura. Banco Central, Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, e a Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, avaliam até o dia 30 de setembro as sugestões feitas ao documento do "Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos" e, a partir dessa data, devem determinar possíveis mudanças no setor. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões e Serviços (Abecs) tentará mostrar que as próprias empresas desse setor irão aumentar a concorrência entre si e que haveria riscos em uma intervenção do setor público.