O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, informou na segunda-feira à noite que o governo deverá sacar a parcela de US$ 9,1 bilhões a que tem direito, caso o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprove a terceira avaliação do acordo envolvendo US$ 30 bilhões.
"Não há porque não fazê-lo", argumentou Palocci. O ministro disse estar certo de que a revisão será aprovada.
"A exposição do andamento das reformas será suficiente para que o Fundo dê continuidade normal ao programa", disse, ao explicar que durante reunião realizada durante a tarde foram discutidos o cumprimento das metas acordadas com o Fundo e, principalmente, as Propostas de Emendas Constitucional (PEC) das reformas tributária e previdenciária.
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Palocci também disse que o Fundo está animado com os indicadores econômicos, como risco país e a queda da taxa de câmbio. "Todo mundo que torce a favor do Brasil - e eu tenho certeza que o Fundo torce também - só pode ver com bons olhos a melhoria dos nossos indicadores e é assim que eles têm visto", disse Palocci.
O otimismo do ministro encontrou ressonância nas declarações do chefe da missão do FMI, Jorge Márquez-Ruarte, que ao deixar a primeira reunião com Palocci elogiou o andamento da política econômica brasileira, especialmente com relação ao processo das reformas e à atuação do Banco Central.
"As propostas foram muito discutidas com vários setores sociais e parece contar com o consenso da população e apoio do Congresso. Isso para nós é muito importante", disse Ruarte, referindo-se às emendas constitucionais.
O chefe da missão disse que não há o que recomendar ao governo, a não ser que ele siga fazendo sempre o que já está fazendo com as reformas.
Embora a missão vá estudar as propostas, o Fundo não interferirá no processo, cabendo ao Congresso Nacional decidir sobre o formato que terão as emendas. "A competência é do governo e do Congresso. Eles são que decidem. Cabe ao FMI apoiar e observar os efeitos", ressaltou.
Jorge Marquez-Ruarte acrescentou que a recente valorização do real não preocupa, uma vez que o regime adotado no país é o do câmbio flutuante, podendo a taxa subir ou cair.
Ele também acha que a apreciação do real não vai prejudicar a balança comercial, porque o saldo não depende só do câmbio, mas também de outras políticas. "O importante é que, ao final, o produto total suba", disse, referindo-se ao Produto Interno Bruto (PIB).
Sobre as taxas de juros, Ruarte defendeu a espera até que não haja ameaça de inflação para que sejam reduzidas. "As taxas de juros estão altas, mas quando a inflação cair, não houver problema de expectativa inflacionária, as taxas de juros também vão cair", opinou.
Para ele, a economia brasileira vai crescer de forma mais rápida, "na medida em que se estabilizar a situação da inflação e na medida em o setor externo melhorar também".
Do total de US$ 30 bilhões acordados em setembro do ano passado, o país já sacou, até agora, US$ 10,4 bilhões, dos quais US$ 4,1 bilhões foram em março deste ano, e o restante no ano passado. Caso a missão aprove a terceira revisão, o montante será liberado em junho.