As bolsas de valores no Brasil deverão enfrentar um período de turbulência que deve perdurar pelo menos nos próximos quatro meses. A previsão foi feita pela Spirit Corretora de Valores, que elaborou uma análise sobre o comportamento da Bolsa de Valores de São Paulo durante as principais crises mundiais. Em todos os casos, a queda acentuada nas operações financeiras permaneceu por um período que variou de um a quatro meses.
A pior crise foi em 1990, quando estourou a Guerra do Golfo entre Irã e Iraque. A partir de agosto houve uma sucessão de quedas na Bolsa de Valores de São Paulo que chegou a uma desvalorização de 66,27% nas ações. O ponto máximo do índice da bolsa era de 1.240 antes da crise, mas com a guerra chegou a um ponto mínimo de 418.
"Estamos prevendo que esta crise será semelhante em sua duração à crise do Golfo", afirmou o analista técnico da Spirit, Fernando Fricks. A previsão é de que as bolsas só voltem a se recuperar em seis meses, ou seja, a partir de março do próximo ano. Mas tudo dependerá da reação norte-americana ao ataque terrorista sofrido na última terça-feira.
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A análise da corretora indica que o Brasil está sendo afetado por três fatores distintos: a desaceleração da economia norte-americana que começou com a bolha da Nasdaq, o contágio da crise da Argentina e por último os reflexos econômicos do atentado contra o World Trade Center e ao Pentágono. "É uma crise sem precedentes na história com dimensões que continuam desconhecidas", aponta o estudo da Spirit.
Pelo levantamento feito sobre as crises históricas que abalaram a economia mundial, pode-se perceber que a Bolsa de Valores de São Paulo teve quedas que variaram de 32,9% até 66,2%. Além da guerra do Golfo, os conflitos militares e econômicos analisados foram as crises do México (dezembro de 1994), crise na Ásia (julho de 97), crise na Rússia (julho de 98), primeira queda na bolsa Nasdaq (março de 2000), primeira etapa crise Argentina (agosto de 2000), segunda etapa crise da Argentina (janeiro de 2001).
Um investidor que aplicou U$ 1.000,00 em janeiro de 1990, antes de estourar a Guerra do Golfo, hoje, 11 anos mais tarde, está com US$ 2.500,00. A valorização foi de 155%. A mesma aplicação numa poupança renderia menos.
O investidor tem de entender que aplicação em ações é uma operação a longo prazo. Mesmo com a forte queda da bolsa nesta semana, quem aplicou há 10 anos sai com lucro. Já quem aplicou o dinheiro em 97, por exemplo, tem de esperar mais para não perder dinheiro. A desvalorização está em 25%. "Ação é investimento a longo prazo", diz Fricks. Ele ressalta ainda que a crise que atingiu o mercado financeiro nesta semana é passageira, assim como as demais foram. O problema é que num primeiro momento ocorre desespero dos investidores. Depois a economia tende a se fortalecer.