O Porto de Paranaguá - considerado o maior terminal graneleiro do País - está praticamente sem espaço para aumentar sua faixa portuária. O projeto de expansão, elaborado pelo governo do Estado, prevê a construção inicial de 325 metros de cais, tipo pier, que permite a atracação de navios nas faces internas e externas para movimentação de granéis sólidos. Essa alternativa se deve ao fato de o porto estar entre uma área de reserva ambiental com restingas e manguezais, a oeste, e uma área marítima com pedras e rochas submersas que inviabilizariam a navegação, a leste.
Segundo informações da diretoria da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), há 350 metros para crescer para o lado oeste e mais 500 para o lado leste, em direção à Ilha da Cutinga. A ilha é uma reserva indígena atendida pela Funai, onde vivem em torno de 50 índios da tribo Guarani. "Há um estudo que mostra um potencial para avançar ainda outros 500 metros", disse ontem o diretor técnico do porto, Luis Ivan Vasconcelos. Um navio graneleiro chega a ter 270 metros de comprimento.
É no lado leste que estão as rochas no fundo do mar. Para viabilizar o aumento do cais seria necessário fazer a implosão, o que eleva o investimento e espanta a iniciativa privada. Durante o governo Roberto Requião foi cogitado fazer a obra, mas a questão financeira inviabilizou o projeto. O atual governo também não tem os recursos.
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Qualquer novo investimento para ampliar o cais terá de partir de grupos particulares. "Como o governo não faz obras porque não tem dinheiro e não vem recursos do governo federal, não há previsão de investimentos para aumentar o porto", disse Vasconcelos. A Lei de Modernização dos Portos (8.630) definiu a iniciativa privada como a nova investidora de terminais portuários.
Mas além da falta de investidor, outro empecilho para aumentar o porto está na questão ambiental. "Qualquer ampliação tem que passar por uma discussão ambiental, além das exigências legais como a realização de relatório de impacto ambiental (Rima)", disse ontem o biólogo do Ibama, Lício Domite, ao prever que haverá muita briga em torno do assunto.
"Sabemos que do lado oeste há mangue e parece que foi encontrado um tipo raro de gavião e sambaquis (cemitérios indígenas)", disse o diretor do porto. O porto tem uma área de 800 mil metros quadrados, sendo que o cais comercial ocupa uma extensão de 2.616 metros. Isso permite que 12 ou até 14 navios atraquem simultaneamente, dependendo do tamanho de cada um. Há ainda o cais dos inflamáveis, com dois "pieres" que permitem a atracação de mais três navios para produtos líquidos a granel. A Catalini, Petrobras, Becker e União Dibel têm terminais próprios para movimentar granéis líquidos. Outras 19 empresas e cooperativas ocupam terminais privados e de carga geral.