As empresas que operam no segmento de refeições coletivas sofreram fortes pressões de custos, principalmente de matérias-primas, nos últimos 12 meses. Em função disso, algumas empresas do Paraná foram obrigadas a fechar as portas. Outras estão trocando de fornecedores, comprando no atacado e mudando o cardápio para minimizar os gastos e contornar a crise.
Conforme levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (Fipe), os principais grupos de alimentos que entram na composição das refeições registraram aumentos bem superiores à inflação do período. Nesse levantamento, destacam-se os cereais, que subiram em média 40%, as frutas com um aumento de 28,6% e os hortigranjeiros 20,1%. Já os peixes aumentaram 15,1%, os laticínios 14,4% e a carne bovina 11,7%. O campeão de alta no período foi o feijão, que em 12 meses subiu 80%.
Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc), que congrega 112 empresas de todo o País (dentre elas sete do Paraná), o setor de refeições foi mais atingido que outros segmentos porque os contratos de fornecimento são de 12 meses e, por força de medida provisória, não podem ser ajustados durante o prazo de vigência. "Estamos preocupados com a saúde de nossas empresas. O aumento exorbitante dos custos é consequência da crise energética, da alta do dólar e dos juros", explica o presidente da Aberc, Rogério Vieira.
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A empresa Cook in House, de Curitiba, por exemplo, teve que fechar as portas há um mês em função da alta dos preços dos produtos. "Não poderíamos repassar o aumento para o consumidor senão perderíamos o cliente por conta da concorrência. Então ficamos com o prejuízo por vários meses achando que os preços iriam baixar, o que não aconteceu", contou a proprietária da empresa, Ana Paula dos Santos.
O dono da empresa Moinho, Rodolfo Heinriths ainda tem esperanças de que a situação melhore. "Vou esperar até novembro. Se os preços continuarem altos serei obrigado a fechar a empresa", desabafou. Conforme ele, a margem de lucro de sua empresa diminuiu mais de 30% nos últimos meses. "Fui obrigado a enxugar a empresa demitindo vários funcionários para não ficar no prejuízo", contou.
Já a Pop Refeições está conseguindo contornar a situação seguindo as orientações da Aberc. "Estou levando os fornecedores a ferro e fogo. Quando não há negociação e eles não querem vender de acordo com as possibilidades da minha empresa, mudo de fornecedor ou compro no atacado, pois o preço é bem mais em conta", disse a gerente administrativo Rosana Cordeiro. Ela contou que para não diminuir a margem de lucro da empresa, uma nutricionista está substituindo os alimentos que sofreram alta, por outros que possuem o mesmo valor nutritivo e que são mais baratos.