Serviços diferenciados como a entrega em casa, sem cobrar adicional, e preços atrativos estão atraindo cada vez mais consumidores às quitandas. Para conservar a clientela, elas se desdobram em oferecer produtos de qualidade, produtos orgânicos e no atendimento pessoal. Encantado com esses serviços, que destoa da impessoalidade com que são tratados nos supermercados, os consumidores estão voltando a comprar frutas, legumes e verduras nas quitandas.
Os consumidores atestam que encontram produtos com mais qualidade, frescos e com preço até melhor que os praticados nos supermercados. Prova disso é o crescimento no número de quitandas em Curitiba, por exemplo. Quem pensava que as grandes redes de supermercados iriam sufocar esse pequeno comércio, agora percebe que está enganado porque as quitandas e sacolões estão se proliferando com força total, disse João Maria Lopes Ferreira, gerente do Mercado do Produtor, vinculado à Secretaria Municipal do Abastecimento.
O administrador de empresas, Flavio Rehme, optou recentemente por esse tipo de comércio. Montou uma quitanda no bairro do Ahú, há cerca de um mês. Nunca havia trabalhado com a venda de frutas e verduras antes e disse que não se arrepende. Consegue uma margem de 50% a 55% na venda dos produtos e mesmo assim consegue ofertar produtos com preços atrativos aos consumidores.
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A clientela se formou rapidamente. Atende em torno de 40 pessoas por dia e sempre estão aparecendo novos clientes. "A propaganda boca-a-boca se propaga rapidamente", diz. A vantagem da quitanda de Rehme é que ela compra só produtos orgânicos diretamente de uma chácara em Lamenha Pequena. Segundo o proprietário, os clientes já se acostumaram que todas as segundas, quartas e sextas-feiras no final da tarde chegam produtos fresquinhos, direto da chácara.
Os preços, em se tratando de produtos orgânicos, são realmente atraentes. O alface é oferecido a R$ 0,40 o pé, a couve-flor por R$ 0,85 a unidade, o brócolis por R$ 0,80 o maço, a couve por R$ 0,50 o maço, a cenoura por R$ 0,50 o quilo, o cheiro verde por R$ 0,25, a banana por R$ 0,43 o quilo e o morango por R$ 1,50 a caixa. Além dos preços em conta, os clientes gostam porque entram, escolhem e saem rapidamente. Muitos, só mandam os pedidos por telefone e a gente entrega em casa, diz Rehme.
A estudante e dona de casa Thais Pedrotti não abandona as compras na quitanda para ir em supermercados. Ela consome muita maçã e banana para fazer tortas que vende para a panificadora da mãe. Disse que não gosta de comprar esses produtos nos supermercados porque nem sempre as frutas estão no ponto que precisa. "Às vezes as frutas estão muito verdes e outras, estão muito maduras que chegam a ficar até passadas." Segundo Thaís, ela consegue manter o padrão de qualidade das tortas porque sempre compra as frutas no ponto certo na quitanda, que fica ao lado de sua casa.
Os proprietários da quitanda Verde Natureza, que funciona há sete anos no Champagnat, também não têm do que se queixar. Habituada a chamar os fregueses pelo nome, a proprietária Rosa Ana Bordim Kanashiro e o marido, Nereu Kanashiro, estão acostumados a atender mais de 100 pessoas por dia na quitanda. "Eles compram de tudo. Desde frutas e verduras orgânicas até cereais e doces naturais vendidos no interiior da loja", disse o proprietário.
O diferencial da Verde Natureza, além da qualidade dos produtos é o fornecimento de receitas de pratos naturais aos clientes. "Nós defendemos a alimentação natural, saudável e gostamos de repassar as receitas." Segundo Kanashiro, muitas empregadas e cozinheiras que não têm condições de pagar cursos especializados e aprendem com as receitas fornecidas por eles. A Verde Natureza também faz as entregas em casa, sem cobrar taxa adicional.
A consumidora Cyrene Fraga Brandão, toda vez que vai a casa do filho no bairro do Champagnat, vai à quitanda Verde Natureza. Ela disse que aprendeu a confiar na honestidade dos Kanashiro. "Aqui se eles falam que o produto é orgânico, é mesmo", afirma. A diarista Sueli Belizário dos Santos também faz as compras de verduras e frutas na Verde Natureza. Segundo ela, os produtos são de ótima qualidade, os preços são acessíveis e a compra é bastante rápida. "Não preciso ficar em filas de supermercados", finaliza.