Apesar de o Paraná ser conhecido no cenário nacional como o Estado que mais investiu e ainda investe na geração de energia elétrica, o fato é que a situação no estado não está tão tranquila quanto parece, avisa o diretor de Marketing da Copel, Lindolfo Zimmer. Isso porque 90% das fontes de energia ainda são oriundas de hidrelétricas, que são extremamente vulneráveis ao clima. "Qualquer período de estiagem mais prolongado na região Sul também poderá comprometer o atual fluxo de fornecimento de energia", justifica.
O Operador Nacional do Sistema (ONS), que administra o sistema interligado de fornecimento de energia elétrica no País, decidiu que nos meses de junho e julho o Paraná fica fora do racionamento. Mas para agosto, a situação volta a ser avaliada. Para evitar "surpresas desagradáveis" e também para colaborar com o plano de racionalização de energia, já em vigor nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, a Copel está lançando uma campanha de racionalização no consumo de energia.
A campanha já ganhou a adesão da Indústria e do Comércio e em breve deverá estar nas ruas para convencer os cidadãos a economizarem em casa. A meta da Copel é economizar 5% de energia em junho e 10% em julho. A preocupação é evitar o comprometimento do crescimento "rápido da industrialização", que está na ordem de 10% ao ano, avalia Zimmer.
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Zimmer destaca que "temos que criar pulmões de reserva para enfrentar possíveis estiagens no futuro". Ou seja, por ora o Paraná e a região Sul como um todo têm infra-estrutura para gerar a energia suficiente para ser consumida nos três Estados do Sul e ainda enviar excedente para a região Sudeste. Mas caso haja uma reversão no fator clima, todo esse superávit energético cai por terra por falta do combustível água, que movimenta as hidrelétricas.
O estado está investindo na diversificação de novas fontes de energia como a termelétrica a gás, que está sendo construída em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) e com a compra de energia da Argentina. "Mas são investimentos que começam a maturar dentro de dois ou três anos e até lá temos que apostar na continuidade das chuvas, que permita um bom regime hidrológico para que possamos dar conta do nosso consumo e ainda enviar para o Sudeste", destaca.
Como as autoridades federais já estão avisando, Zimmer reforça que a crise de energia é para dois ou três anos. Isso porque os reservatórios da região Sudeste não devem se recuperar com apenas uma estação chuvosa. E mesmo assim, tem que ter um índice pluviométrico alto para provocar alguma recuperação. "Portanto, até lá a região Sul também vai viver sob a ameaça de escassear a energia também por aqui", lembra.
Zimmer avisa que a construção das 49 termelétricas previstas para serem construídas no Brasil, sendo cinco delas no Paraná, pode enfrentar dificuldades com a importação de equipamentos. Isso porque os Estados Unidos, que também estão enfrentando um quadro de escassez de energia na região da Califórnia, partiram para a implantação de um sistema de térmicas. "Daí a tendência dos americanos - que são os fabricantes desses equipamentos - darem prioridade ao atendimento do mercado americano", justifica.