A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) se mobiliza para pressionar o governo a questionar o programa de subsídios que os Estados Unidos concede para o agronegócio da soja na Organização Mundial do Comércio (OMC). O presidente da Abiove, Carlo Lovatelli, disse que apóia o governo brasileiro, que pretende solicitar um ‘painel’ na (OMC) para questionar o programa norte-americano de subsídios.
O estopim da irritação das indústrias brasileiras foi o pedido de suplementação no valor dos subsídios. A Câmara dos EUA já tinha aprovado ajuda no valor de US$ 5,5 bilhões para o agronegócio soja e está tramitando no Senado uma suplementação de US$ 2 bilhões, totalizando US$ 7,5 bilhões de ajuda aos produtores norte-americanos.
A Casa Branca está ameaçando vetar essa suplementação, mas o fato é que os subsídios norte-americanos à soja estão preocupando produtores e indústrias do Brasil, o segundo maior produtor de soja do mundo. ‘Temos que ir à OMC contra isso’, diz Lovatelli. Segundo o presidente da Abiove, os subsídios distorcem o mercado e mexem com os preços. ‘Enquanto um produtor de soja norte-americano ganha 70% de sua receita em subsídios, tudo o que o produtor brasileiro consegue pela sua produção deve a ele próprio’, compara.
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Lovatelli avisa que dessa vez, as entidades que representam a agricultura brasileira serão bastante ativas. Elas vão pressionar para que as negociações nos acordos comerciais na OMC e Acordo do Livre Comércio das Américas (Alca) incluam a agricultura. Lovatelli não descarta a possibilidade de a soja, uma commoditie bastante valorizada, possa ser usada como moeda de troca nas negociações.
A Abiove alerta que os congressistas norte-americanos estão dispostos a gastar US$ 193 bi de ajuda ao agronegócio nos próximos 11 anos. Dessa forma, o produtor agrícola norte-americano deixou de olhar os preços na bolsa de Chicago e passou a acompanhar o ‘Loan Price’ definido por Washington. Lovatelli explica que a lei agrícola dos EUA eliminou os riscos de mercado e por isso os produtores expandiram o plantio, mesmo em anos de preços baixos.
Enquanto isso, o produtor tem feito o que pode para acompanhar a competitividade internacional. Segundo Lovatelli, o produtor tem obtido seguidos aumentos de produtividade, redução de impostos e melhoria de logística. ‘A medida que se elevam os subsídios em outros países e caem os preços no mercado mundial, o sojicultor brasileiro tem que ser mais eficiente’, acrescenta.
Apesar da ameaça dos subsídios, o sojicultor está empenhado em expandir a área, atraído pela valorização do câmbio. A previsão é que sejam cultivados no País 15 milhões de ha, que representa um acréscimo de 10% em relação à área plantada no ano passado. A previsão de produção é de colher entre 38 a 40 milhões de t, consolidando o segundo lugar na produção mundial de soja.