Começa nesta terça-feira, em todo o Paraná, uma fiscalização da defesa sanitária em propriedades rurais. Pecuaristas que não vacinaram o rebanho bovino e bubalino (búfalos) contra a febre aftosa podem ser multados em R$ 96,00 por animal não vacinado. Além disso, ele será obrigado a fazer a aplicação de vacinas em todo o rebanho.
Nesta segunda-feira foi o último dia da segunda fase da campanha de vacinação 2000 contra a doença no Paraná. Técnicos da secretaria ainda não sabem qual foi a cobertura dessa campanha. Em maio, na primeira etapa, quase 98% do rebanho recebeu vacinação.
O objetivo, segundo o secretário de Estado da Agricultura, Antonio Leonel Poloni, é evitar que o vírus da aftosa entre no Paraná. "Manter o status de área livre é mais difícil do que consegui-lo", disse, durante cerimônia de encerramento da campanha de vacinação, na cabanha São Rafael, município de Balsa Nova (50 km de Curitiba).
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
A fiscalização acontece em todas as regiões do Paraná. Para comprovar a vacinação, o produtor deve apresentar a nota fiscal de compra do produto. A partir de hoje as casas agropecuárias não podem mais vender vacinas contra aftosa.
Em maio deste ano o Estado conseguiu a certificação internacional de área livre de aftosa. Com isso, os produtores de carne bovina conseguiram ampliar o mercado exportador para o produto. Em 1999 o Paraná exportou 33 mil toneladas de carne bovina e suína, o que gerou um ingresso de US$ 38 milhões. Mas o potencial de produção local é de 200 mil toneladas ao ano, com faturamento de US$ 368 milhões.
O rebanho bovino e bubalino paranaense varia entre 9 e 10 milhões de cabeças. Todas devem ser vacinadas, independente da idade. Bezerros com menos de um ano precisam receber uma dose de reforço. Esses animais têm memória imunológica menor que os adultos, por isso é necessário a revacina.
Apesar de não ser uma zoonose (doença que pode ser transmitida de animais para o ser humano), a febre aftosa é responsável pelas principais restrições comerciais de carne e leite bovino da América do Sul aos mercados norte-americano, asiático e europeu. "A doença causa redução da produtividade dos rebanhos, mas o maior prejuízo é a restrição do mercado", explicou o secretário. A produtividade de leite ou carne de animais infectados cai entre 30% e 35%.
O último foco de febre aftosa no Paraná foi registrado em abril de 1995, em duas propriedades do município de São Jorge do Patrocínio (região de Umuarama). A área foi isolada e os animais sacrificados. "O Paraná é o primeiro Estado brasileiro a adotar medidas internacionais de combate à doença como vazio sanitário", contou Poloni.
Depois que completar dois anos como área livre de aftosa com vacinação, em maio de 2002, o Estado poderá requerer o status de área livre sem vacina. Com isso, novos mercados poderão ser abertos. "Os Estados Unidos e Japão, por exemplo, só importam carne bovina de áreas livres de aftosa sem vacinação, por isso ainda temos dificuldade de colocar nosso produto nestes mercados."
Nas três américas os países considerados livres de aftosa sem vacinação são os Estados Unidos, Canadá, Chile, México e Uruguai.