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Ameaça do Brasil contra Argentina surpreende moinhos de trigo

Redação - Folha do Paraná
06 jul 2001 às 19:43

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A ameaça que o Brasil fez de suspender as importações de trigo e petróleo da Argentina surpreendeu os moinhos de trigo, que passaram o dia em alerta. A preocupação é que os moinhos brasileiros já contrataram a compra de 900 mil toneladas de trigo, mas ainda não foram embarcadas. Se o governo brasileiro concretizar o embargo, haverá desabastecimento de trigo, previu o empresário Laurence Pih, proprietário do Moinho Pacífico, de São Paulo.

O presidente do Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Roland Gouth, não acredita que o governo brasileiro vá endurecer com a Argentina até as últimas consequências, porque aquele país é o principal fornecedor de trigo para o Brasil. Apesar disso, o mercado ficou parado. Os agentes de mercado se retraíram com a notícia e não foram fechados negócios.

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A Argentina responde por mais de 90% das importações brasileiras de trigo. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) estima que este ano o Brasil deverá importar 8,4 milhões de toneladas de trigo, sendo que deste total 95% virão da Argentina.

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Se o governo suspender as importações de trigo da Argentina, Gouth disse que o governo terá que rever a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de outros países fora do Mercosul, que hoje está fixada em 12,5% para o trigo. Mesmo assim, o empresário Laurence Pih disse que um redirecionamento das importações para outros países (EUA e Canadá) vai demandar de 30 a 45 dias, que é o período de contratar a operação, embarque e transporte.


Segundo Pih, os moinhos estão desabastecidos porque em virtude da escalada do dólar, estão "comprando da mão para a boca". O empresário afirma que os estoques em poder dos moinhos não dá para mais de duas ou três semanas de abastecimento no País.

De acordo com o empresário, a alta do dólar elevou o endividamento dos moinhos. Os mais endividados são os grupos maiores com acesso a financimentos. O vencimento das dívidas com importações já ronda US$ 100 milhões por mês. " Os moinhos estão se virando para captar esse dinheiro porque não podem perder crédito com as tradings e os bancos fornecedores de cartas de crédito", destacou.


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