Nos últimos três dias o preço do arroba do boi pago ao produtor paranaense caiu 2,5%. Apesar de ser historicamente um período de baixa, a queda deste ano foi maior que em anos anteriores. Até semana passada o arroba do boi estava em R$ 40,00, enquanto o de vaca era de R$ 37,00. Atualmente, os produtores estão recebendo, em média, R$ 39,00 pelo arroba do boi e R$ 35,00 para a da vaca, com prazo de 30 dias. Nos pagamentos à vista o preço é menor, variando entre R$ 36,00 e R$ 37,00.
Produtores e técnicos apontam a queda repentina de temperatura e a insegurança gerada pelos focos de febre aftosa no Rio Grande do Sul como responsáveis pelo desempenho negativo do mercado. De acordo com um levantamento do médico veterinário Adélio Riberito Borges, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, os frigoríficos do Estado estão com escalas de abate para mais de quatro dias. Isso significa que existe uma excessiva oferta de gado para os frigoríficos. "A comercialização no atacado continua truncada enquanto sobra carne no varejo, o que mantém a pressão de baixa", explica o técnico.
Historicamente, o preço do arroba do boi é reduzido entre os meses de abril e setembro. Isso porque entre o outono e inverno produtores aumentam a oferta de bois para os frigoríficos. É que nos períodos de inverno e outuno há uma redução das pastagens e se o gado não for vendido, há risco de perda peso e prejuízos.
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Neste ano, como aconteceu até o início do mês de maio, havia altas temperaturas no Paraná, os pecuaristas atrasaram a venda aos frigoríficos. "Como na última semana tivemos uma queda repentina de temperatura, os produtores resolveram vender os rebanhos praticamente juntos, para fugir dos efeitos do frio", diz o presidente da Federação Paranaense de Associações de Criadores (Fepac), Ugo Rodacki. Os pecuaristas sabem que não deve haver recuperação dos preços a curto prazo.
Além do frio, os criadores de gado do Paraná enfrentam as incertezas do mercado internacional geradas pelos novos focos de febre aftosa no Rio Grande do Sul. "Essa indefinição sobre vacinar ou não o rebanho causou danos à exportação, mas agora eles já definiram que o gado será vacinado e acredito que este problema está superado", opina Rodacki.
A vacinação no Rio Grande do Sul não modifica o posicionamento do Paraná no mercado internacional. É que o Rio Grande do Sul pertence ao circuito sul do Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, enquanto o Paraná está no circuito centro-oeste. "Segundo esse conceito, para o Paraná os focos de febre aftosa do Rio Grande do Sul estariam ocorrendo em outro País", explica Borges. Países como Chile e Israel estão reavaliando suas posições e devem voltar a importar carne do Brasil.