Os agricultores do litoral do Paraná, que moram no trecho da Mata Atlântica que impede o aumento das áreas de cultivo, encontraram uma alternativa para garantir a renda familiar: o plantio orgânico, que estabelece um convívio saudável entre agricultura e preservação. São 195 produtores que recebem a orientação da Emater no uso da técnica. Doze deles se dedicam ao cultivo de arroz orgânico, numa área de 400 hectares em Guaraqueçaba e Antonina.
No ano passado, as lavouras somavam 350 hectares. A última colheita rendeu 2.275 toneladas de arroz produzido sem uma gota de adubo ou defensivo químico. Segundo o técnico da Emater de Morretes, Justino Alves de Oliveira, os agricultores trabalham muito o manejo e práticas de controle natural de pragas. "Em algumas áreas os produtores fazem controle de pragas regulando apenas o nível da água", afirma.
O rendimento das lavouras orgânicas ficou entre 6.500 e 7.000 quilos por hectare, a mesma dos cultivos irrigados convencionais e muito acima dos 4.700 quilos por hectare que é a média da produtividade no Paraná.
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Outra vantagem é que, mesmo sendo vendido como convencional, os produtores estão ganhando mais, porque reduziram o custo de produção. Usando herbicidas, adubos e venenos, o agricultor gasta 80 sacas de arroz para cultivar um hectare. Já no cultivo orgânico, a despesa não passa de 25 sacas por hectare.
A produção é vendida para Santa Catarina porque a maioria dos produtores é catarinense e arrendatária de terras. A redução das despesas é o argumento que está convencendo os agricultores a adotarem a agricultura orgânica, apesar de a tarefa não ser fácil.
A mudança no sistema produtivo do Litoral foi uma questão legal. Em 1999, o Ibama proibiu qualquer aplicação de insumo químico nos limites da APA (Área de Preservação Ambiental) de Guaraqueçaba. A região atinge os municípios de Antonina, Paranaguá e Guaraqueçaba
Um dos princípios do trabalho da Extensão Rural com a agricultura orgânica é fortalecer as ações coletivas. No plantio orgânico, os agricultores acabam criando uma corrente de solidariedade, ao contrário do sistema convencional onde cada um esconde o seu jogo. Os grandes produtores ajudam os pequenos que desejam investir no novo tipo de cultivo.
"Nosso trabalho é organizar a região, criar redes alternativas de comércio para que o agricultor não dependa apenas dos grandes mercados. O objetivo é conseguir um preço mais baixo para o consumidor e mais justo para o produtor", diz a agrônoma Ruth Pires, da Emater.