As geadas registradas nesse final de semana no Paraná atingiram as lavouras de trigo plantadas nas regiões Oeste, Sudoeste e Centro-Oeste do Estado. O impacto sobre a produção será dimensionado pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento que vão sair a campo. O resultado das perdas, se houver, será conhecido na próxima semana, informou a engenheira agrônoma do Deral, Vera da Rocha Zardo.
Dessa vez, as geadas foram consideradas mais severas em relação às geadas registradas no mês passado e as lavouras estavam em fases mais suscetíveis ao frio, informou Agenor Santa Rita, agrometeorologista do Deral. As geadas foram consideradas de moderada intensidade nos municípios de Toledo e Palotina, cujas temperaturas atingiram -5ºC na relva, Cascavel (-4º), Francisco Beltrão (-5º) e Campo Mourão (-4º).
Vera Zardo não acredita que o impacto seja significativo na produção de trigo e de milho safrinha do Estado, mas admite que as lavouras instaladas nas baixadas e que estão em fase suscetível serão atingidas. "O milho só está livre das geadas quando está totalmente maduro. Enquanto tiver umidade na planta, pode ter perda de produção ou de qualidade", explica.
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
Quanto ao café, a agrônoma não acredita que tenha prejuízos. Segundo ela, talvez na região Noroeste, algumas lavouras de café também plantadas nas regiões de baixada podem ter sido atingidas. Nas demais regiões, onde predomina a cultura do café, não houve geadas.
Até a última sexta-feira, antes das geadas as lavouras de trigo estavam com bom desenvolvimento e a expectativa de produção é de colher 1,85 milhão de toneladas no Estado. Atualmente 34% das lavouras estão em fase de frutificação, 28% em fase de floração, 37% em fase de desenvolvimento vegetativo e 1% em geração. A colheita começa a se intensificar a partir de 20 de agosto.
As fases mais críticas do trigo para a ocorrência de geadas são a de floração e frutificação. Em Toledo, 50% das lavouras estavam em fase de desenvolvimento vegetativo, 40% em fase de floração e 10% em frutificação. Em Cascavel, 10% das lavouras estavam em desenvolvimento vegetativo, 40% em floração e 50% em frutificação. Em Campo Mourão, 40% das lavouras estavam em desenvolvimento vegetativo, 30% em floração e 30% em frutificação.
O plantio de milho safrinha já apresenta quebra de 4%, decorrentes das geadas registradas nos dias 21 e 22 de junho. As lavouras estavam em fase mais suscetíveis e por isso foram atingidas. Atualmente, as lavouras estão mais maduras, sendo que 20% da área plantada (945.700 hectares) já está colhida. Pode ter ocorrido algum tipo de prejuízo, "mas eles podem ter se restringido à qualidade e não a produção", destaca.
A expectativa é que sejam colhidas 2,89 milhões de toneladas, já considerando a quebra de 4%. O prejuízo maior da geada anterior ocorreu na região Oeste do Estado, que apresentou quebra de 9%. Atualmente 74% das lavouras estão em fase de maturação e 26% em frutificação. Segundo a agrônoma do Deral, muitas lavouras de milho safrinha já estão "salvas" das baixas temperaturas. Citou o caso do município de Francisco Beltrão, onde todas as lavouras já foram colhidas.