O governo já estuda intervir no mercado de milho para conter a queda sucessiva nos preços do milho, que está ocorrendo desde o início do mês. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) planeja o lançamento de contratos de opção para o milho a partir de janeiro. Para acelerar a venda de milho em balcão, a Conab vai reduzir o preço de R$ 9,50 a saca para R$ 9,00 na próxima semana, informou Edmundo Knaup superintendente adjunto da Conab-PR.
O contrato de opção seria uma alternativa para o governo enxugar a produção de milho que já exibe indicativos de excesso de oferta. Segundo Knaup, a Conab-PR vem divulgando semanalmente editais para venda de milho em balcão e não aparece comprador. A Conab vende milho em balcão para o pequeno produtor até o limite de 15 toneladas por mês. O órgão ainda tem 35 mil toneladas de milho para venda em balcão e agora vai reduzir o preço para escoar o estoque.
O excesso de oferta de milho nesta época do ano, há um mês da entrada da safra, surpreendeu o mercado. Produtores e cooperativas seguraram a produção na expectativa de que o preço do milho atingisse os mesmos patamares do ano passado quando a saca atingiu até R$ 13,00 ao produtor. Mas o valor máximo atingido este ano foi no mês de janeiro, quando o produto foi vendido por R$ 11,94 em média pelo produtor, informou a engenheira agrônoma Rossana Catiê de Godoy Bueno, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
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De acordo com Nelson Costa, assessor econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), cooperativas e produtores têm um estoque estimado de 400 mil toneladas, que é um volume elevado se considerar que "estamos na boca da safra". A safra de milho no Paraná começa a ser colhida no final de janeiro.
Costa atribui o excesso de oferta a uma soma de fatores. Na iminência de escassez do milho para este segundo semestre a indústria se protegeu ampliando as importações. As importações oficiais somam 1,5 milhão de toneladas, quase o dobro do ano passado quando foram importadas 800 mil toneladas de milho da Argentina. Costa lembrou que houve uma entrada expressiva de milho por fronteiras secas, que não foi computadaa nas estatísticas oficiais.
Além da importação excessiva, as indústrias recorreram a matérias-primas alternativas para a fabricação de ração. Foram importadas 200 mil toneladas de sorgo para ração animal. Cerca de 800 mil toneladas de triguilho e a cevada rejeitada pela indústria cervejeira em função da queda de qualidade foram destinadas para a ração. Outras 500 mil toneladas de polpa cítrica que deixaram de ser exportadas ficaram no mercado externo e foram absorvidas para alimentação de bovinos, informou Costa.
O resultado foi a sobra de milho no mercado interno. Com isso, os preços do milho não páram de cair no Paraná. Ontem, o produtor já estava vendendo o milho por R$ 8,94 a saca em média, uma redução de 6% em relação ao começo do mês, quando o produto estava sendo vendido por R$ 9,60 a saca pelo produtor. A preocupação é que o preço fique abaixo de R$ 8,50 a saca, que corresponde ao custo de produção. " Abaixo disso o produtor já está tendo prejuízo", resumiu Catiê.