Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), sindicalistas e políticos realizaram à tarde um ato público para lembrar a desocupação da Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, em Curitiba. No dia 27 de novembro de 1999, cerca de mil policiais militares cercaram a praça e retiraram os 700 sem-terra que estavam no local há 172 dias.
O secretário-executivo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Paraná, Jelson Oliveira, disse que desde a operação, os agricultores têm sido vítimas de várias formas de violência, tanto por parte dos órgãos de segurança pública, como de jagunços contratados por fazendeiros. "O processo de reforma agrária está emperrado. Quando o governo fez o despejo, ele fechou todas as portas de negociação", disse.
Para simbolizar o protesto, os manifestantes penduraram 322 fitas pretas na cerca erguida em volta da praça após o despejo. Segundo a CPT, elas representam o número de feridos em conflitos agrários desde o início da gestão do governador Jaime Lerner (PFL), em 1995. Também foram lembrados em pedaços de lona preta fixados nas grades os nomes de 16 sem-terra mortos na gestão Lerner.
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A agricultora Adelina Ventura Nunes, 36 anos, mulher de Sebastião de Maia, morto numa desocupação em Querência do Norte, há sete dias, participou do protesto. "As mortes estão mais frequentes e o incrível que é sempre alguém da liderança", disse Adelina, lembrando ainda da morte do militante Antônio Tavares Pereira, em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba, durante confronto com a PM em junho, na BR-277.
Adelina trouxe para a manifestação a filha Daiane, de 11 anos, e o filho Jean, 4 anos. A agricultora reclamou que seu marido estava sendo perseguido por policiais e pistoleiros da região de Querência. Ela relatou que veio a Curitiba no ano passado para denunciar o caso, mas ninguém a ouviu. "Agora estou aqui denunciando a morte do Tião", afirmou.