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Ouvidor agrário defende compra da Araupel

Redação - Folha do Paraná
12 fev 2001 às 15:18

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O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, defende a compra pelo Incra de parte da Fazenda Arapuel, em Quedas do Iguaçu, para a manutenção das famílias de sem-terra que ocuparam o local. O ouvidor fez esta defesa em reunião com a direção do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná e a coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Curitiba.

A reunião tratou do mandado de reintegração de posse em favor dos proprietários da Fazenda Araupel. Parte da área da fazenda está ocupada há anos por mais de 600 famílias e a justiça determinou a retirada de todos por considerar a propriedade produtiva.

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"Acredito que encontraremos uma solução para a questão da Araupel através da compra das terras, mas outra alternativa seria a transferência das famílias para assentamentos definitivos na região", disse Silva. O Incra está negociando com os proprietários a compra de 13 mil hectares não ocupados da fazenda Araupel para o assentamento dos sem-terra. A legislação federal proíbe projetos de reforma agrária em terras ocupadas.

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Segundo o integrante da coordenação estadual do MST, Jaime Calegari, os sem-terra estão respeitando o acordo assinado em novembro do ano passado com o ouvidor agrário nacional que previa a suspensão das ocupações de terra no Estado. "Mas o prazo para cumprimento de todos os pontos do acordo termina em abril, depois disso o Movimento vai retomar as ações no interior do Estado", disse.

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Esse acordo prevê uma solução para a ocupação da Fazenda Água da Prata, em Querência do Norte, e o assentamento definitivo de todas as famílias despejadas no ano passado. Segundo Gercino Filho, o Incra tem condições de cumprir o acordo com o MST, pois já teria assentado mais de 25% do total de famílias previsto no acordo de novembro do ano passado. Sobre a fazenda Água da Prata, Gercino diz que foi solicitada uma nova cotação do preço. "Acredito que em menos de um mês o caso esteja resolvido", diz.


O problema é que os números do Incra não batem com os do MST. Gercino Filho garante que a meta do acordo é assentar 600 famílias até abril e que, desse total, quase 200 já estariam em áreas definitivas. Jaime Calegari garante que no ano passado foram despejadas 2000 famílias e que apenas 36 teriam sido assentadas em uma fazenda no município de Campo Mourão.

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"O Incra nacional até tem boa vontade de resolver os problemas do Paraná, mas quando os processos chegam nas mãos do superintendente regional tudo pára", diz. Calegari conta que o superintendente do Incra no Paraná, José Carlos Vieira, é conhecido como o "homem de um decreto só" porque em 2000 ele só teria assinado o decreto de desapropriação da fazenda em Campo Mourão onde foram assentadas 36 famílias.


José Carlos Vieira não participou da reunião. Ele foi representado pelo procurador-regional do Incra, Nirclésio José Zabot, que confirmou os números do ouvidor nacional. "O acordo de novembro do ano passado previa o assentamento de pouco mais de 600 famílias e 25% desse total já está assentado", afirma.


De acordo com o procurador-regional, muitas famílias estão sendo colocadas em áreas excedentes de assentamento que já existem. "Estamos aguardando recursos federais para fazer novas vistorias em áreas e assentar as demais famílias que foram despejadas no ano passado", conta.

Leia mais em reportagem de Emerson Cervi, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta terça-feira


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