Com o encerramento da colheita da safra de grãos de verão 2000/2001, o Paraná está comemorando a produção recorde de soja e milho. O relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, divulgado ontem, informa que a safra de verão foi reavaliada pela terceira vez e aponta para uma colheita de 21,35 milhões de toneladas. Considerando o preço de comercialização, o faturamento bruto da safra deverá render R$ 4,4 bilhões aos agricultores.
Contribuíram para esse resultado o clima favorável e os investimentos em tecnologia realizados pelo agricultor paranaense, avaliou a engenheira agrônoma do Deral Vera da Rocha Zardo. Se o clima continuar favorável também para a safra de inverno, a safra de grãos 2000/2001 indica para uma colheita de 23,58 milhões de toneladas, um aumento de 45% sobre a produção de verão e inverno do ano passado, que rendeu 16,19 milhões de toneladas. A técnica lembra que a produção do ano passado foi frustrada pela estiagem seguida de fortes geadas, que provocaram a perda de mais de 4 milhões de toneladas de grãos.
A colheita de soja da safra 2000/2001 rendeu 8,28 milhões de toneladas, que corresponde a uma alta de 15,57% sobre a produção do ano passado. E a colheita de milho da primeira safra rendeu 9,24 milhões de toneladas, cerca de 56% maior do ano passado quando foram colhidas 5,91 milhões de toneladas. O aumento na produção desses grãos foi alavancado pelo aumento de produtividade e do clima equilibrado, com chuvas bem distribuídas em todas as regiões desde o plantio até a colheita.
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O Deral constatou um aumento na produtividade média de soja, que este ano rendeu 2.970 quilos por hectare. Segundo a técnica do Deral esse rendimento é recorde e várias regiões como Cascavel, Toledo, Ponta Grossa, Londrina e Maringá conseguiram índices superiores a 3 mil quilos por hectare. "O rendimento da soja obtido nessas regiões supera a produtividade média da soja norte-americana, que até então era considerado a mais elevada do planeta", comparou Zardo.
Com o milho, o resultado também foi surpreendente. A produtividade média é de 5 mil quilos por hectare, considerada um recorde. Nas regiões como Cascavel e Toledo a média alcançada foi de 7 mil quilos por hectare e em Ponta Grossa, 6.850 quilos por hectare. "Se nessas regiões os agricultores estão apresentando essas médias é porque existem produtores que estão colhendo acima de 8 mil quilos por hectare, que é a mesma produtividade do milho nos Estados Unidos", afirmou a agrônoma. Cerca de 93% da produção de milho já foi colhida.
Essas produtividades consideradas recordes revelam que o produtor compreendeu que precisava investir em tecnologia para sobreviver na atividade. Segundo Vera Zardo, mesmo que a comercialização não esteja tão favorável como no caso do milho, o fato é que quem teve boa produtividade está conseguindo uma rentabilidade positiva. Os produtores do Paraná adotam técnicas para conservar e elevar a fertilidade dos solos como a rotação de culturas e plantio direto. Além disso, investem na compra de sementes certificadas para melhorar o potencial do plantio.
Se o clima continuar colaborando, a safrinha de milho deverá render 2,9 milhões de toneladas, devendo elevar a safra total do grão para 12,14 milhões de toneladas. Com isso, o Paraná confirma a liderança na produção de milho e se sobressai como o maior fornecedor de milho para o Brasil.
A produção de algodão rendeu 163,2 mil toneladas, o que representa um crescimento de 31% sobre a produção do ano passado. A produtividade alcançada foi de 2.330 quilos por hectare, uma das melhores dos últimos anos. A produção de feijão das três safras (águas, secas e inverno) deverá render um total de 466 mil toneladas, menor do que o ano passado quando foram colhidas 494 mil toneladas. A redução foi provocada pela queda de 27% no plantio da safra das águas porque o agricultor ficou desestimulado com os preços.