Um grupo de usineiros do Paraná se antecipou à iniciativa do governo federal e está importando 20 milhões de litros de álcool da região Nordeste. O produto deverá desembarcar ainda esta semana no Porto de Paranaguá. A medida visa reforçar os estoques existentes no Estado para garantir o abastecimento de álcool no mercado. Enquanto isso, o governo federal também planeja a compra de até 300 milhões de litros de álcool do Nordeste para garantir a normalidade no abastecimento da região centro-sul até o final da entressafra, em abril de 2001.
Apesar da importação, a Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcoopar), afirma que o Estado tem 280 milhões de litros de álcool em estoque. Esse volume corresponde a quatro meses de consumo no Estado, avaliado em 70 milhões de litros por mês, diz o superintendente da Alcoopar, Adriano da Silva Dias. Ele ressalta que a intenção dos usineiros é dar maior confiabilidade ao consumidor de álcool, para que "tenha tranquilidade em investir na compra de um carro a álcool", diz o empresário.
A preocupação este ano é com a redução na produção de cana-de-açúcar, matéria prima básica utilizada na fabricação do álcool. Em função da estiagem do ano passado a safra de cana 99/2000 foi reduzida em 5 milhões de toneladas. Com isso, este ano estão sendo moidas no Paraná 19,5 milhões de toneladas de cana, contra 24,5 milhões de toneladas moídas no ano passado.
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Apesar de produzir menos, Dias garante que o abastecimento de álcool não corre risco. Segundo ele, o mercado está recorrendo aos estoques excedentes do ano passado, em poder da empresa Brasil Álcool, ao estoque da Petrobras e ainda à produção deste ano. Esses estoques somam um volume de 2,6 bilhões de litros de álcool disponíveis na região centro-sul do País, para um consumo mensal de 860 milhões de litros, explica Dias.
Para o ano que vem, quando os estoques tiverem sido esgotados, os usineiros estão apostando no aumento de produção da cana-de-açúcar para manter a estabilidade do mercado. Eles prevêem um aumento entre 10% a 12% na produção de cana-de-açúcar, que deve resultar numa safra de 22 milhões de toneladas. Segundo Dias, o clima, com chuvas regulares, está colaborando para que essa projeção seja concretizada. Esse volume de cana-de-açúcar deverá render uma produção de 1 bilhão de litros de álcool no Paraná em 2001.
Para evitar escassez em determinadas regiões produtoras e sobra em outras, o planejamento de safra está ocorrendo a nível nacional, diz Dias. Segundo ele, nesse período que é de entressafra na região centro-sul, há excedentes de produção na região nordeste. Com isso, os usineiros do centro-sul estão "transferindo" a produção, medida que pode ganhar o reforço do governo federal, com recursos da Petrobras.
Outro objetivo do empresariado do setor de álcool é evitar as altas desnecessárias de preços ao consumidor. Dias lamenta que as distribuidoras de combustíveis aumentaram os preços do álcool na onda do aumento de preço da gasolina. "Os preços do álcool na usina continuam os mesmos, em torno de R$ 0,61 o litro, o que não justifica o aumento de preço ao consumidor acima de R$ 1,00 o litro", diz.