A agricultura orgânica sustentável pode ser praticada em qualquer área, inclusive nas grandes culturas. Para isso basta que sejam adotadas as práticas mais adequadas que levam em conta a presença das plantas espontâneas (leia-se ervas daninhas ou invasoras). Quem defende esse conceito é o consultor Adoniel Amparo, da Bahia. Ele esteve ontem em Curitiba ministrando palestra para um grupo de produtores e técnicos convidados pela Associação D"Agricultura Orgânica do Paraná (AOPA).
Amparo considera-se um autodidata no assunto e disse que estuda a agricultura orgânica há 18 anos. Desenvolveu técnicas orgânicas de enriquecimento dos solos e da saúde da terra, baseadas no estudo do pesquisador francês Francis Chaboussu, que lançou a teoria da Trofobiose, que signica que todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e disponível.
Nas áreas de grandes culturas, onde a presença de ervas espontâneas é praticamente inexistente, Amparo recomenda que se plante novamente, para que elas possam ser roçadas e depois constituídas como cobertura para o solo. O consultor rejeita o uso de grandes volumes de esterco, "que inviabiliza economicamente a agricultura orgânica". Ele lembra que um hectare consome o equivalente a 30 toneladas de esterco, o que tira a sustentabilidade da agricultura orgânica. Orienta que os insumos necessários devem ser buscados na propriedade.
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Além das plantas espontâneas, Amparo recomenda o uso de farinha de rocha como fosfato natural da terra e pulverizações das plantas com um composto fermentado desenvolvido por ele. Ele ensinou os agricultores que o composto fermentado é constituído por bactérias enriquecidas com farinha de rocha e tem como veículo a água, que compõe 80% da formulação. Explica que esse tônico aumenta o metabolismo da planta e a ajuda fixar a matéria orgânica.
Adoniel Amparo chegou a beber desse tônico, que não apresentava nenhum tipo de cheiro. Desafiou os produtores da agricultura convencional a beber o que eles colocam nas plantas. Segundo o consultor, cada planta espontânea alimenta grande quantidade de microorganismos que se alimentam dos dejetos das plantas. Quanto maior a diversidade de plantas, maior será a biodiversidade dos microorganismos e o solo terá mais vida. Com isso, as plantas estarão mais fortes e não serão atacadas por insetos, ácaros ou microorganismos que só se alimentam de seiva de plantas doentes, resultantes da agricultura convencional, resume.