Os armazéns do Paraná poderão ficar lotados com os estoques de milho e soja da safra 2000/2001. O assessor econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Nelson Costa, já admite que poderá faltar armazéns em algumas regiões específicas como o Sudoeste, Laranjeiras do Sul e nos municípios ao redor de Guarapuava. Mas essa deficiência poderá ser apenas momentânea, explicou, já que a capacidade de armazenagem do estado é suficiente para receber a safra e poderá haver remanejamentos de produção de uma região para outra.
Nessas localidades, consideradas mais críticas, a colheita é mais atrasada e se concentra a partir de março. Costa reconhece que a situação poderá se agravar nos municípios mais carentes. O superintendente da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab-PR), Edmundo Knaup, lembra que colheita não é estoque e afirma que não haverá problemas de armazenamento no Paraná. "Se o governo federal entrar no mercado comprando a safra, poderá direcioná-la para outros estados, reduzindo a pressão nos armazéns do estado", acrescentou.
A safra que começa a ser colhida em fevereiro está com bom desempenho e se não houver problemas de clima até lá, serão produzidas 15,2 milhões de toneladas entre soja e milho, informou Costa. A preocupação agora é onde guardar a produção, principalmente do milho, cujo preço começou a cair e a tendência do produtor é guardar a safra para vendê-la em momento mais oportuno.
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A capacidade dos armazéns a granel no Paraná, onde se armazena milho e soja soma 13,35 milhões de toneladas em todo o Paraná, sendo que deste total as cooperativas detêm uma capacidade de armazenamento de 6 milhões de toneladas. Com os armazéns convencionais, a capacidade de armazenamento se eleva para 18 milhões de toneladas, informou a Conab-PR.
Apesar da capacidade de armazenamento ser inferior à produção esperada, Costa acredita que ela será suficiente para guardar a safra 2000/2001. Isso porque do total produzido, entre 20% e 25% fica nas propriedades, pequenos armazéns e comércio regional. "É um volume expressivo que não gira no mercado, o que contribui para a redução da produção que precisa de armazém", justificou.
Além disso, os armazéns do Estado estão praticamente vazios, já que a produção das duas últimas safras foi totalmente escoada. Não há estoques de milho, trigo ou soja. Outro fator que contribui para a redução da pressão por armazéns é que a safra de soja tem um giro muito rápido e é escoada em pouco tempo ao Porto de Paranaguá para ser exportada.
Ele destaca porém, que o gargalo poderá ser revertido com uma política eficaz de comercialização para evitar a queda nos preços. Costa antecipou que o secretário nacional de Política Agrícola, Benedito Rosa do Espírito Santo, virá ao Paraná nesta primeira quinzena de janeiro para falar sobre os mecanismos de comercialização da safra. Uma das alternativas será o lançamento dos Programa de Escoamento do Produto (PEPs) onde o governo paga um prêmio para deslocar a produção de um estado para o outro.
A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) defende a adoção dos contratos de opção como mecanismo de comercialização. Com isso, o produtor receberia em torno de R$ 10,00 a saca, que é o preço fixado para o Paraná e a produção ficaria retida no Estado.