A polêmica sobre o cultivo da soja transgênica poderá chegar ao fim. Está praticamente acertada a liberação do plantio comercial em todo o País, com aval do Ministério da Agricultura que deverá publicar nos próximos dias uma portaria confirmando a decisão já tomada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio).
O Ministério também estuda a liberação de outros grãos transgênicos. Por enquanto, a portaria só beneficiará a soja Roundup-Ready, da Monsanto. Até agora as únicas áreas autorizadas (ao todo nove) para plantio de plantas transgênicas (soja, milho e algodão) no Brasil eram experimentais, localizadas no Paraná (em Londrina, na Embrapa-Soja, em Ponta Grossa, na Monsanto, Toledo, Palotina e Cascavel pela Coodetec).
A soja transgênica desenvolvida nos Estados Unidos pela Monsanto tem como principal característica ser resistente aos herbicidas a base de glifosato. O gene resistente foi introduzido na planta e manifesta-se nas folhas que resistem às aplicações do herbicida.
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Mercado
A restrição brasileira ao plantio devia-se a dúvidas sobre segurança ambiental e com relação ao consumo humano de animais. Mas a principal preocupação dos produtores é com a questão de mercado. A posição dos principais importadores brasileiros é contrária a soja transgênica. E aí fica uma pergunta no ar: os produtores vão correr o risco de ter seu produto rejeitado, como vem acontecendo com a soja americana ?
Os países europeus, que compram 70% de soja brasileira têm manifestado sérias restrições aos produtos transgênicos, e várias comitivas já estiveram no Brasil alertando que não vão comprar a soja brasileira se ela for geneticamente modificada. O Japão também é outro país que não demonstra interesse em comprar a soja modificada. A preocupação é maior porque depois do grão colhido, não é possível diferenciar se ele vem de uma planta transgênica ou não.
A alegação dos países europeus é que as pesquisas com relação aos efeitos da soja na sáude humana não são conclusivas. Ambientalistas arriscam dizer que só o tempo poderá mostrar as consequências desta tecnologia na vida humana e no meio ambiente. De maneira geral pesquisadores, ambientalistas, produtores e até consumidores não estão bem esclarecidos sobre os efeitos destes alimentos tanto na saúde como no meio ambiente.
Segundo pesquisadores da Embrapa, que realizam estudos com a soja transgênica desde 1996, esse novo elemento não interfere na formação ou qualidade dos grãos da soja, não oferecendo nenhum risco ao consumo humano ou animal.
De acordo com os técnicos da CTNBio, o órgão a quem cabe elaborar e zelar pela segurança no uso das biotecnologias no Brasil que deu parecer favóravel a liberação da soja transgência, não foram encontradas evidências de que esta soja tem efeitos prejudiciais ao meio ambiente ou a saúde humana. O Brasil consome hoje, 6,2% dos agroquímicos produzidos mundialmente, o que representa um gasto de 2 bilhões de dólares por ano.
A soja transgênica, objeto de tanta polêmica, não tem nenhuma característica extravagante. É aparentemente uma planta comum, bastante semelhante as variedades cultivadas em todo o País. Nas áreas experimentais agricultores já puderam observar a diferença entre uma soja comum e a transgênica depois da aplicação do herbicida. O desenvolvimento e produtividade da nova variedade são semelhantes as variedades já existentes.
Outras preocupações dos produtores são com relação ao custo de produção e a possilidade de utilizar semente própria no plantio posterior. Com relação ao custo de produção, segundo os pesquisadores, há uma equivalência. A semente, provavelmente será mais cara, mas o herbicida é mais barato. Segundo pesquisadores da Embrapa Soja, a soja transgênica é apenas mais uma opção tecnológica para o produtor, e as cultivares de soja comum vão continuar disponíveis e sendo recomendadas para o plantio.