A tilápia já ocupa quase 60% da produção de peixes cultivados no Paraná. As carpas que antes ocupavam grande espaço na piscicultura do Estado representam 24% da produção. Em seguida vem o bagre que ocupa 5% da produção e as espécies nativas participam com 14% da produção. A opção dos piscicultores pela tilápia visa atender o mercado consumidor constituído pelas indústrias e pelos pesque-pague que preferem essa espécie.
Na avaliação do técnico da Emater Danilo Mulhlmann, essa alteração no sistema de produção veio em boa hora. Segundo ele, antes as espécies criadas eram escolhidas conforme o gosto do produtor que sempre optava pelas nativas. "Depois é que ele ia pensar em vender a produção", conta. Hoje, o produtor entendeu que a espécie mais procurada no mercado é a tilápia.
Outra mudança sentida no setor é que os piscicultores começam a definir seus sistemas de produção conforme o preço que o mercado está pagando pelo produto. Esse ajuste do sistema de produção ao mercado é importante para manter a rentabilidade, diz o técnico. A meta estabelecida pela Emater é que os produtores tenham como custo total na atividade no máximo R$ 0,90 por quilo.
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Essa preocupação reflete a necessidade de a piscicultura paranaense manter a dianteira na produção de filé de tilápia, da qual as indústrias instaladas no Estado são pioneiras. Para Mulhlmann, esse é o momento de os piscicultores paranaenses ocuparem espaço no mercado. Os estudos apontam que há um déficit na oferta de pescados no País e no ano passado foram importados 200 mil toneladas de pescados, que representou um desembolso de US$ 300 milhões. Isso mostra que a demanda pelo produto é grande e o produtor de peixe cultivado pode ocupar esse nicho, aponta.
Para isso, ele lembra que toda a cadeia produtiva precisa se adaptar com um sistema de preços mais adaptado ao bolso do consumidor, para enfrentar a concorrência que ameaça os estados do Sul. Isso porque novas fronteiras de piscicultura estão surgindo nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do país, favorecidos pelas ótimas condições naturais de clima, solo e água. Por isso, os piscicultores não podem perder esse filão. "Abrir mercado depois que os produtores de outros estados entrarem fica mais difícil, lembra.