Sem surpresas, COPOM mantém juros estáveis em julho, mas queda deve ocorrer em agosto
... Em sua 109ª reunião, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central sancionou as expectativas majoritárias do mercado e decidiu, por unanimidade, manter inalterada a taxa de juros básica (Selic) em 19,75% ao ano. A manutenção da taxa de juros mantém a linha conservadora de conduta do Banco Central que, aos seus olhos, aguarda a consolidação do cenário de inflação em queda para dar início ao processo de afrouxamento da política monetária, ou seja, reduções na taxa de juros.
Ao final da reunião o colegiado divulgou sua tradicional nota com a justificativa sobre sua decisão. No documento, a autoridade monetária manteve ipisis-literis o texto apresentado na reunião de junho, a saber:
"Avaliando as perspectivas para a trajetória de inflação, o COPOM decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic estável em 19,75% a. a., sem viés".
O atual cenário macroeconômico abriria espaço para um corte de pelo menos 0,25 p.p. já nesta reunião, tendo em vista o cenário de inflação corrente e expectativa futura em queda.Mesmo assim, a decisão é mais uma sinalização efetiva de que o processo de abrandamento da política monetária está muito próximo, corroborando nossa expectativa de início da redução da taxa de juros em agosto.Vale lembrar que qualquer decisão de política monetária já a partir deste segundo semestre só deve surtir efeito em 2006.
MOTIVAÇÕES...
Com o cenário econômico brasileiro dando condições para uma queda ainda em julho, fica difícil para autoridade monetária explicar a motivação para a manutenção da taxa básica de juros. Entre os motivos possíveis para a manutenção, podemos citar:
(i) A linha de conduta conservadora do Banco Central quanto às metas de inflação. Como mencionamos anteriormente, a entidade parece aguardar uma consolidação do cenário de inflação em queda para promover novos cortes. Mas vale ressaltar que as expectativas de inflação para 2005 e 12 meses à frente estão em trajetória descendente há algum tempo e já convergindo para seus alvos;
(ii) A instabilidade gerada pelo cenário político. Devido à grande turbulência na política nacional, com as diversas denúncias de corrupção envolvendo o PT e o governo federal, a entidade pode ter decidido aguardar uma melhor definição deste cenário antes de afrouxar a política monetária.
EXPECTATIVAS PARA A REUNIÃO DO COPOM DE AGOSTO A nossa expectativa é de que o COPOM decida pelo corte da taxa Selic em 25 pontos base, para 19,50% na reunião de agosto, que ocorrerá nos dias 17 e 18. Nossa expectativa se apóia em alguns fatores, a saber:
(i) a Ata desta reunião, que será divulgada no próximo dia 28, deve apresentar um tom mais otimista que as anteriores;
(ii) o colegiado já admite que uma inflação ao redor de 5,7% para 2005 é aceitável, logo, seu foco firma-se em 2006 e o desempenho da economia naquele ano;
(iii) os índices de inflação referente ao mês de julho, em especial os IGPs, devem apresentar resultados baixos inclusive deflação; (iv) a expectativa de inflação deve continuar em queda, mesmo que perdendo fôlego;
(v) a carência de externalidades negativas, como a ausência de pressões inflacionárias advindas do câmbio, a forte demanda do mercado internacional pelos produtos brasileiros e os resultados positivos da economia americana, consolidam o fim do aperto monetário e o início do processo de redução dos juros e;
(v) as questões associadas à crise do petróleo continuam "contabilizadas", ou seja, o risco de um reajuste de combustíveis no mercado brasileiro reduziu sensivelmente neste momento, porém, é aconselhável que ocorra algum ajuste no último bimestre do ano, algo em torno de 5%, para não contaminar a inflação de 2006,visto que a meta para o próximo ano é menor e a banda de flutuação mais estreita.
Nesta quinta-feira (12)