Os juros cobrados no cheque especial recuaram 20 pontos percentuais em pouco mais de um mês, segundo levantamento feito pelo Banco Central (BC). Apesar da expressiva queda, a taxa praticada pelos bancos continua alta: os juros estavam em 173,9% ao ano em julho e passaram para 153,9% entre os dias 1º e 10 deste mês.
''Ainda é uma taxa elevada, mas a queda ocorrida nos últimos meses foi bastante forte'', diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. ''A expectativa é que, cada vez mais, se consolide essa tendência de queda (dos juros bancários)'', afirma.
Desde o final de 1999 os juros do cheque especial não registravam uma queda dessa magnitude. Entre outubro e dezembro daquele ano, a taxa caiu 23,5 pontos percentuais. Os juros anuais de 153,9% praticados neste mês são os mais baixos desde julho de 2001, segundo o BC. Em outras modalidades de crédito, as taxas também recuaram.
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Em média, os juros cobrados neste mês pelos bancos nos empréstimos concedidos a pessoas físicas ficaram em 70,8% ao ano, contra 74,5% em agosto e 77,9% em julho. Para as empresas, as taxas recuaram de 38,6% em julho para 36,3% neste mês.
Em parte, a queda dos juros cobrados pelos bancos reflete a redução da taxa Selic promovida pelo BC nos últimos meses. Desde junho, a Selic caiu 6,5 pontos percentuais, chegando a 20% ao ano na semana passada.
Em geral, os bancos captam dinheiro no mercado por meio da compra e venda de títulos públicos. A taxa Selic é aquela que remunera esses títulos e, por isso, acaba servindo de referência para as demais operações de crédito fechadas no País.
Em agosto, os bancos pagavam juros de 21,4% ao ano para captar dinheiro no mercado. Ao mesmo tempo, cobravam uma taxa anual de 52,7% para emprestar esses recursos a seus clientes. A diferença de 31,3 pontos percentuais é chamada de ''spread'' bancário.
Parte do ''spread'' é usado para cobrir os custos das instituições financeiras - pagamento de impostos e despesas com funcionários, por exemplo. Outra parte serve para aumentar seu lucro.
De acordo com o BC, o ''spread'' bancário havia recuado para 30,6 pontos percentuais neste início de mês. Apesar da queda registrada recentemente, esse valor é muito próximo dos 31,7 pontos percentuais observados em janeiro passado.
A queda dos juros ocorrida até agora, porém, não foi suficiente para fazer com que as pessoas tomem mais empréstimos. O volume total de crédito disponibilizado pelos bancos chegou a R$ 385 bilhões no mês passado, crescimento de apenas 0,6% em relação a julho.
Medidas como a queda do recolhimento compulsório - dinheiro que os bancos são obrigados a deixar parado no BC -, anunciada no mês passado, poderiam favorecer a expansão dos empréstimos. Até agora, porém, isso não aconteceu.
Altamir Lopes diz que a queda do compulsório só deve ter um efeito prático sobre a economia ao longo deste mês. Ainda segundo ele, o total de empréstimos concedidos pelos bancos não cresce porque, mesmo com a queda nos juros, as pessoas têm evitado contrair novas dívidas.