Um convênio firmado entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais prevê a produção de biodiesel para abastecer ônibus do transporte público da cidade a partir de óleo vegetal residual utilizado em frituras. A prefeitura vai recolher a gordura descartada em escolas e outros órgãos públicos da cidade e enviar à usina experimental de biodiesel do Tecpar, localizada na Cidade Industrial de Curitiba.
Após o processamento, o biocombustível será transportado até São José dos Pinhais para ser misturado ao diesel convencional que abastece um dos ônibus da cidade. O convênio tem caráter educativo e ambiental, uma vez que o volume de gordura coletada e os custos envolvidos no projeto não seriam viáveis para abastecer toda a frota da cidade.
"O que nós queremos com esse projeto é divulgar a possibilidade de reaproveitamento do óleo de fritura e apontar uma alternativa", explica Wellington Vechiatto, técnico do Centro de Energias Renováveis (Cerbio) do Tecpar. Segundo ele, o descarte adequado da gordura ainda é um dos grandes desafios para as cidades. "Quando as pessoas jogam a gordura na pia, o material é altamente aderente e vai se depositando nas paredes internas dos encanamentos, causando sérios problemas no escoamento da água e custos com o desentupimento".
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A primeira coleta de gordura já foi encaminhada ao Tecpar. Segundo o técnico do Cerbio, dos 500 litros que chegaram, 100 foram descartados previamente, por estarem completamente degradados ou misturados a outros tipos de óleo. Dos 400 litros restantes, metade já foi transformada em biodiesel e a outra metade será processada nas próximas semanas.
Vechiatto explica que o óleo vegetal usado pode ser beneficiado, por pior que seja seu estado. Mas, segundo ele, dependendo do tipo de fritura, da quantidade de vezes que foi reutilizado e das variações de temperatura aplicadas, uma diversidade de oxidantes é gerada, tornando o processo de reciclagem inviável em função dos elevados custos envolvidos.
Usina Experimental
Com recursos do Fundo Paraná para atender aos objetivos do Programa Paranaense de Bioenergia, a planta de produção de biodiesel em escala semi-industrial foi inaugurada na sede do Tecpar em 2007. A usina tem capacidade de produção de 100 litros/hora e flexibilidade para testar diferentes tecnologias e matérias-primas, incluindo óleos vegetais, gorduras animais e óleos residuais.
É uma planta utilizada apenas para pesquisas. Para a produção comercial de biodiesel é necessária uma autorização especial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A planta está vinculada ao Cerbio, que desenvolve pesquisas para o aproveitamento de diversas oleaginosas, como soja, girassol, nabo forrageiro, amendoim, algodão, entre outras, priorizando a rota etílica. O mais recente projeto desenvolvido na Usina, encerrado no ano passado, era para a produção de biodiesel destinado a motogeradores de empresas parceiras