O travesti João dos Reis Filho (PRB), de 42 anos, precisou fazer um exame de sanidade mental para conseguir registro de sua candidatura a vereador em Juazeiro do Norte, a 540 quilômetros de Fortaleza. O Ministério Público Eleitoral pediu a impugnação de Reis Filho alegando que ele não reunia capacidade mental para se candidatar. O promotor eleitoral José Carlos Félix em seu pedido de impugnação relatou que o travesti era incapaz de exprimir vontade para exercer o cargo de vereador.
Mas o juiz eleitoral Djalma Sobreira Dantas Júnior de posse do exame de sanidade mental de Reis Filho aceitou a candidatura. O exame constou de uma avaliação psiquiátrica e de alfabetização em libras (linguagem de sinais dos deficientes auditivos), uma vez que o travesti é surdo-mudo. A avaliação psiquiátrica que comprovou a capacidade mental do candidato foi assinada pelo psiquiatra Pedro Jorge Malzoni. O advogado do travesti, José Nilson Rodrigues, chegou a classificar na defesa a atitude do Ministério Público Eleitoral de "bullying político".
No exame de Malzoni atesta que o travesti tem deficiência auditiva, "mas isso não o incapacita para atos da vida civil, tendo apenas limitações". O médico destaca ainda que para "realizar atividades, o candidato tem, porém que se beneficiar de um tradutor em libras para o esclarecimento de suas decisões cívicas às demais pessoas".