Os jovens que possuem 16 e 17 anos e tiraram o título de eleitor têm a opção de participar ou não das eleições municipais de outubro próximo. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 360.568 eleitores de Londrina, apenas 2.875 estão aptos a exercer o voto facultativo . A quantia representa apenas 0,798% do eleitorado londrinense.
São eleitores que, em muitas vezes, preferem se abdicar do direito de votar. Segundo o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Cenci, a falta de interesse dos jovens está relacionada com a cultura disseminada no Brasil de que a política não vale a pena. O perfil do adolescente também sofreu alterações com o decorrer do tempo, resultando em um "desapego" das questões político-sociais. "Antigamente, o jovem tinha uma participação mais efetiva. Começava a fazer política no grêmio estudantil, no centro acadêmico, no ensino médio e posteriormente na universidade. A escola política se iniciava desde cedo e os jovens vivenciavam isso nos bancos escolares", aponta.
Outro fator que contribui para a abstenção do voto é a decepção com a política.
De acordo com a pesquisa Índice de Confiança na Justiça no Brasil (ICJBrasil), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada no primeiro trimestre deste ano, os partidos políticos ocupam a última posição das doze instituições mais confiáveis do país, com apenas 5%. "Desenvolveu-se uma cultura de que a política é suja e quanto mais distância, melhor. Esses dados colocam a política no mais baixo grau de interesse da população", analisa o professor.
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Movimentos populares
Na tentativa de estimular a participação dos jovens e mudar o cenário político da esfera municipal, camadas populares já exercem papel ativo no combate à corrupção. Auber Silva Pereira, um dos coordenadores do movimento "Por Amor a Londrina" revelou que existem três projetos visando a conscientização e educação política dos jovens.
"Recebemos o convite do Ministério Público para cooperar junto a cinco escolas estaduais, uma no centro e as outras nas quatro zonas da cidade, além de uma escola pública em Tamarana", conta. Ele ainda argumenta que o movimento não tem pretensão de coletar resultados com menos de dez anos de implantação, pois é necessário um trabalho a longo prazo.
O outro projeto viabilizado pelo grupo é um treinamento de cidadania, ética, moral e cívica em uma escola particular de Londrina. Por último, adolescentes de 11 a 18 anos, integrantes dos escoteiros Verde Vale promoverão o encontro Acampaz, onde serão realizadas palestras com os membros do "Por Amor a Londrina", entre outras atividades, como treinamento junto aos pais e visitação ao Paço Municipal.