Os CEIs (Centros de Educação Infantil) de Londrina voltarão a atender com 100% dos professores ativos a partir de segunda-feira (19). A informação foi confirmada pelo presidente do Sinpro (Sindicato dos Profissionais das Escolas Particulares) no município, André Cunha, em reunião com os profissionais da área na manhã deste sábado (17) na sede da entidade.
A categoria ainda permanece em estado de greve e aguarda uma resposta da Prefeitura, mas após a decisão judicial, proferida pelo TJPR (Tribunal de Justiça do Paraná) na tarde desta sexta-feira (16), o sindicato decidiu seguir a recomendação até segunda ordem.
O documento, assinado pelo desembargador da 5ª Câmara Cível do TJPR Carlos Mansur Arida, pediu que a greve fosse temporariamente suspensa até que seja comprovado que todas as unidades estão cumprindo o quórum mínimo estipulado de 60% de professores. A decisão ainda destaca que a Prefeitura apresentou fotos “demonstrando que alguns CEIs estavam completamente sem atendimento à população, assim como vídeo gravado pela própria imprensa local, demonstrando que alguns CEIs estão sem funcionamento”. O presidente do Sinpro, entretanto, contesta essa alegação.
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Cunha deve ir a Curitiba na segunda-feira para tentar ser ouvido pelo desembargador que assinou o documento, a fim de reconhecer o direito dos CEIs de atenderem com, pelo menos, 60% dos profissionais no período de greve. Enquanto essa reunião não acontece, a recomendação do sindicato é de atendimento normalizado nas instituições.
“Vou apresentar o relatório que mostra o cumprimento da medida de atendimento parcial e explicar para o desembargador que a Prefeitura está com uma proposta do Sinpro há 20 dias e, agora, também com a [proposta] dos dois patronais, com a obrigação junto ao MPPR [Ministério Público do Paraná] de se manifestar, mas, até agora, nada”, disse.
Sobre a ilegalidade da greve - que a Prefeitura de Londrina comunicou à imprensa ao compartilhar a liminar da justiça - o presidente do sindicato foi enfático ao desmentir a informação. Segundo ele, não existe ilegalidade, visto que até os sindicatos patronais reconheceram a necessidade de recomposição salarial.
“Os patronais reconheceram que a questão salarial é tão grave que nos propuseram três anos para resolverem o problema, com aumento de ganho real de 40%. Agora, estamos esperando a Prefeitura se pronunciar”, explicou. “Na reunião com as entidades, o MPPR e a Prefeitura, foi feito um documento que reconhece a legalidade da greve, uma vez que o patronal sugere a nós uma proposta de recomposição salarial de 40% em três anos. Então, como é que uma greve é ilegal se os patronais reconheceram?”, questionou.
Até que a reunião entre Cunha e o desembargador ocorra em Curitiba, todos os professores foram aconselhados a atender normalmente em seus respectivos postos de trabalho. Porém, a expectativa é de que a greve, com 60% do efetivo, volte ainda na terça-feira (20).
Atualmente, um professor de CEI filantrópico ganha em média R$ 2,3 mil para 30 horas de trabalho semanais. A proposta dos sindicatos é de que esse valor chegue a R$ 2,5 mil ainda em 2025, passando para R$ 2,9 mil em 2026 e chegando, em 2027, a R$ 3,3 mil.
Esclarecimentos
A reunião do Sinpro com os profissionais da área durou pouco mais de uma hora e foi marcada por dúvidas e sentimentos mistos de desânimo e contestação. O presidente da entidade tentava explicar aos professores que a volta integral às CEIs sem a garantia do reajuste salarial requerido não era uma derrota - como chegou a ser mencionado por uma das docentes -, mas uma questão técnica que até segunda-feira deverá ser resolvida.
Os cerca de 30 presentes perguntaram sobre o direito à hora-atividade e ao vale alimentação, além de questões burocráticas como o ponto de presença e a definição de escalas. Cunha destacou que qualquer decisão tomada particularmente nas unidades de educação deve ser feita com parcimônia e em diálogo com a comunidade e com os pais. Ele pediu para que se a redução para 60% de professores voltar novamente, que os docentes conversem com os pais para priorizarem somente as crianças que realmente não podem ficar em casa.
Cristiane Alves Rego, 46, é professora do CEI Ana Proveller, localizado no Jardim Paraíso (Zona Norte). Ela foi uma das questionadoras que buscava entender a situação por completo. À reportagem, Rego destacou que se sente desvalorizada com o salário que recebe atualmente e que tem medo que a greve acabe sem resultados.
“Eu faço parte das profissionais que aderiram à greve. A gente fica muito preocupado porque existem as crianças, mas também o lado profissional. A gente quer trabalhar, mas também quer os nossos direitos”, disse, destacando que fez duas graduações, pós e até curso de Libras para chegar ao posto que ocupa hoje.
Ela garante que não busca direitos iguais aos de concursados, mas quer um reajuste digno e não somente a correção da inflação. “O nosso medo é de nadar, nadar, nadar e no final não acontecer nada. Queremos que as autoridades abram os olhos para nós professores, porque trabalhamos bastante.”
Rego também salientou que a redução ao quórum mínimo de 60% de professores para o atendimento de 100% das crianças é extremamente precária e que sobrecarrega os que permanecem.
“Quem está pedindo isso não é de escola ou sala de aula, é inviável! Por exemplo, se no CEI há dez bebês, como vamos atender em 60%? Às vezes, um bebê precisa ser trocado, outro tá chorando, o outro vomitando, como vai ser isso? Uma professora não consegue fazer tudo sozinha!”, afirmou.
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