Os sindicatos patronais e laborais que representam as entidades e os professores das creches filantrópicas entraram em um acordo e montaram uma proposta de reajuste escalonado na manhã desta sexta-feira (16), quarto dia de greve da categoria. Para este ano, a previsão é de um reajuste de 9,77%, custeados pelas entidades e pelo município, e de 10%, mais o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), para 2026 e 2027. A proposta deve ser enviada à prefeitura ainda no início da tarde.
A reunião no MP (Ministério Público), que aconteceu de portas fechadas, começou por volta das 8h com a participação de representantes do órgão, da Prefeitura de Londrina, do Sinpro (Sindicato dos Profissionais das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná), do Sinibref (Sindicato Interestadual das Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas) e do Secraso (Sindicato das Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e de Formação Profissional do Paraná). Duas horas depois, a reunião seguiu apenas com os representantes dos sindicatos para que uma possível proposta de reajuste fosse discutida.
Por volta das 11h, o presidente do Sinpro, André Cunha, conversou com a imprensa para explicar detalhes sobre a proposta que foi debatida entre as entidades de classe e que vai ser encaminhada para a Prefeitura. Ele explicou que o sindicato apresentou uma proposta e, do outro lado, a entidade de classe patronal trouxe uma contra-proposta.
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Os sindicatos que representam as entidades apontaram uma reposição salarial de 4,77% para este ano, respectiva à inflação, além de outros 5%, sendo 3% deve ficar a cargo do município e 2% com as entidades. No caso daquelas que não tiverem recurso, os 2% deverão ser custeados também pela administração, sendo que o reajuste para 2025 ficaria na casa dos 9,77% para todas as professoras da rede. Para 2026 e 2027, o reajuste seria de 10%, além do INPC. A única diferença da proposta apresentada pelo Sinpro são os reajustes para os anos seguintes, em que a negociação envolvia um aumento salarial de 15% para 2026 e 2027.
“Nós vamos aguardar a prefeitura dizer se concorda com a proposta do Sinpro ou dos sindicatos”, explica. Mesmo com o início de uma possível negociação, a greve continua nas creches filantrópicas, que já vêm trabalhando, de acordo com Cunha, com 60% dos professores, índice previsto na liminar concedida pela Justiça. O presidente também reforça que precisa do compromisso da prefeitura, garantindo o pagamento, para que uma assembleia seja agendada para que os professores possam votar uma possível interrupção do movimento paredista.
André Cunha ainda complementa que o Sinpro alertou a promotoria e a prefeitura em relação aos problemas do escalonamento dos professores nas instituições, já que algumas faixas de ensino exigem mais profissionais do que outras. Segundo ele, a categoria aceita aumentar de 60% para 80% o número de professores para o berçário e reduzir para 40% nos anos finais. “O que a gente quer, como professores, é que a população seja atendida com qualidade e segurança para as crianças”, reforça.
Diálogo entre as partes
A conversa foi conduzida pela promotora de Educação, Susana Feitosa de Lacerda, que explicou que a principal preocupação do Ministério Público é com as crianças que estão fora da escola e com os pais que estão impossibilitados de trabalhar. "Eu chamei essa reunião com uma certa urgência para buscar alternativas, já que eu notei uma dificuldade de diálogo entre as partes", aponta.
Por volta das 10h, os representantes da Prefeitura de Londrina e do Ministério Público saíram da sala para que os sindicatos, patronais e laborais, pudessem conversar e montar a proposta. "Era necessário esse diálogo para haver uma proposta formal entre o empregador e os empregados e, a partir daí, o município pode analisar essa proposta e ver, diante da sua situação orçamentária, o que é possível fazer", explica.
Um dos pontos que o MP reforçou durante a reunião é em relação ao cumprimento da liminar exigindo a presença de 60% dos professores em cada uma das 63 creches filantrópicas. Esse montante deve atender 100% das crianças, já que, apesar de a greve ser legítima, esse é considerado um serviço essencial.
"Eu faço um apelo para que as mães não deixem de levar suas crianças nas escolas e que se houver situações em que as escolas estejam fechadas, que denunciem para a Secretaria da Educação", detalha a promotora.
Lacerda ressaltou a importância da participação do município nas discussões, já que é de sua responsabilidade a prestação do serviço, mas que nessa relação empregatícia os sindicatos precisam acertar as questões salariais em uma convenção coletiva. "Há o repasse do município, mas há a necessidade de ajustes entre empregadores e empregados", frisa, reforçando que a expectativa é de que a greve seja suspensa no início da semana que vem.
Responsabilidade nas decisões
Antes da proposta ser finalizada pelas entidades, a reportagem conversou com o secretário de Gestão Pública de Londrina, Leonardo Carneiro, que disse que o município fez todos os esforços necessários para que, mesmo sem previsão orçamentária, os profissionais recebessem o reajuste da inflação de 4,77%. Um reajuste além desse valor, segundo o secretário, precisaria ser avaliado pela administração. “A gente tem que ter muita responsabilidade com qualquer decisão”, alerta, complementando que cada parte deve “fazer o seu esforço” para que a situação volte à normalidade.
Além disso, Carneiro disse que o município deve interpor uma ação junto ao Tribunal de Justiça para que a greve seja considerada ilegal. “Você não pode dar um indicativo de greve estando ainda em negociação”, explica.
