Com direito a bolo de aniversário e a um parabéns entoado por alunos, ex-alunos, professores e por toda comunidade escolar, o Colégio de Aplicação Pedagógica da UEL (Universidade Estadual de Londrina) - Professor José Aloísio Aragão está completando 65 anos de histórias e memórias. O aniversário oficial é na sexta-feira, dia 20 de junho, mas a cerimônia foi antecipada para esta quarta-feira (18) para celebrar a trajetória de um colégio que participou da formação educacional de quase 100 mil estudantes.
Em meio à celebração do aniversário, um dos momentos mais marcantes foi a abertura de uma cápsula do tempo com relatos, cartas e objetos de estudantes que cursaram o primeiro ano do ensino médio na instituição em 2010. O objetivo era abrir a cápsula em 2020, mas foi adiado por conta da pandemia. Agora, 15 anos depois, os adesivos da Hello Kitty e as pulseiras coloridas de mola resgatam um pouco do período que, para muitos, passou num piscar de olhos.
2010 foi realmente há 15 anos?
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Para alguns, que nem eram nascidos ainda, 2010 foi há “milênios”, mas para quem já era nascido, o tempo parece ter voado. No Brasil da época, o salário mínimo era R$ 510 e a população ainda estava na casa dos 190 milhões. Agora, já passa dos 210 milhões. O ano também marcou a eleição da primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
Falando em mulher, a cantora colombiana Shakira também trouxe ao mundo uma de suas canções mais icônicas: Waka Waka. A música foi tema da Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, a primeira da história a ser sediada no continente africano. A Seleção Brasileira caiu nas quartas de final para a Holanda, que enfrentou a temida Espanha na final. O título ficou com a ‘La Roja’, de nomes como Andrés Iniesta e David Villa, com o famoso sistema ‘tiki-taka’, valorizando a posse de bola.
O ano de 2010 também marcou o início da presidência de Pepe Mujica, no Uruguai, um ex-guerrilheiro que foi preso e torturado durante a ditadura cívico-militar uruguaia. Em maio deste ano, quinze anos depois e aos 89 anos, Mujica morreu vítima de um câncer no esôfago.
Do ‘tijolão’ ao smartphone
Em Londrina, a população cresceu muito nos últimos 15 anos, saindo de 485 mil para quase 560 mil habitantes, que viram muita coisa mudar desde então, seja nos costumes e hábitos ou até mesmo no vai e vem do dia a dia. O cozinheiro Diego Onishe, 29, ex-aluno do Colégio Aplicação, relembra que na época que estudava na instituição, a moda era ter um celular de teclas, mais conhecido como ‘tijolão’. Para falar com alguém por mensagem, a solução era enviar um SMS.
Em relação às cartas, ele conta que, na época, a professora pediu para que eles fizessem relatos em um caderno, como um diário, sobre o dia a dia em sala de aula, além de planos futuros. Cada um poderia personalizar à sua maneira e incluir um item pessoal. “A gente não se deu conta de que se passaram 15 anos”, reforça, citando que, pelo que lembra, escreveu sobre os estudos e o gosto por videogames, assim como um questionamento para o seu ‘eu futuro’ se ele se lembraria daquele dia. A resposta foi ‘não’. “Eu não lembro de quase nada”, admite.
Naquela época, ele garante que ainda não sabia o que gostaria de fazer profissionalmente, mas ressalta o apreço que tinha pelas disciplinas de biologia e história. Com o passar dos anos, vieram a maturidade e o entendimento de que o mundo é muito diferente daquele vivido durante a adolescência, sendo que nem tudo precisa ser “na patada”, explica Onishe, em relação ao período em que se considerava uma pessoa muito revoltada. Ainda sobre tecnologia, ele explica que não existia essa integração com as ferramentas digitais no dia a dia, diferente do que acontece hoje. “O máximo que a gente tinha era aquelas TVs laranjas”, conta, sorrindo.
Os planos futuros
Isabela Martins Rodrigues, 29, também cita a tecnologia como uma das principais mudanças nesses últimos 15 anos. A advogada, que também fazia parte da turma de 2010, enxerga que a tecnologia trouxe mais facilidades para o dia a dia de todos, mas, por outro lado, afastou o contato presencial. “Foram muitas mudanças, algumas positivas e outras negativas”, admite. Na época, muitas das conversas entre os amigos aconteciam através de cartinhas.
Ela admite que ficou muito feliz em poder participar desse momento de resgate de memórias, ainda mais por ter escrito nas páginas diversos planos para o futuro que ela já pôde alcançar, como o de entrar na advocacia. “E eu também consegui reencontrar parte dos meus amigos”, complementa, ressaltando que esse desejo também estava marcado nas cartas.
Nos escritos de Eduardo Puerta, 30, os planos futuros daquela época incluíam a graduação em Direito, o que deu certo, e a formação de uma família, o que ainda não se concretizou. “Eu também queria estar feliz e estou feliz com tudo o que vem acontecendo”, afirma.
Responsável por abrir a cápsula, ele admite que ver o nome dos ex-colegas de turmas trouxe diversas memórias vividas no Colégio Aplicação, como os ensaios para o teatro e a semana cultural. “Foi muito nostálgico”, explica.
Entre os melhores do Paraná
Com mais de 1,4 mil estudantes matriculados, o Colégio de Aplicação José Professor José Aloísio Aragão, órgão suplementar da UEL, está entre os melhores do Paraná. Isso porque, de acordo com o diretor da Instituição, Ricardo Lopes, o colégio recebeu um selo diamante por ter o melhor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Paraná para os anos iniciais do Ensino Fundamental, com a nota 7,4. Os anos finais do Ensino Fundamental recebeu o selo de ouro, também entre os melhores do Estado. “Isso é fruto de um trabalho árduo da equipe pedagógica e dos professores”, afirma.
Segundo a estimativa do colégio, pelo menos 97 mil estudantes passaram pelas salas de aula da instituição durante os 65 anos de história. “É muita gente que se qualificou na educação básica no Colégio de Aplicação, foram para as universidades e hoje estão espalhados pelo mundo”, aponta.
Gerações que mudam o futuro
Vice-reitor da UEL, Airton José Petris recorda que, em 2010, estava concluindo sua última pós-graduação depois de ter passado todo o seu processo de formação dentro da universidade. Nas quadras do Colégio de Aplicação, que eram mais rústicas, ele relembra dos campeonatos de futebol durante a graduação, que reuniam diversos cursos diferentes.
Ele reforça o papel de transformação social que a universidade e seus órgãos complementares assumem, já que muitos estudantes saem com novas oportunidades de vida. “Nessa cerimônia, a gente vê professores emocionados por terem passado por aqui, alunos altamente focados e até uma música de agradecimento pela história construída aqui dentro. É isso o que interessa para a gente e é para isso que a universidade existe”, afirma.
Ele pontua ainda que a geração atual é muito diferente da geração de 2010, já que os tempos mudaram, o que envolve um acolhimento que também deve ser diferente. “Cada geração transforma o futuro, então a gente tem que entender quem são eles. Essa é uma juventude que procura seu espaço na sociedade e que otimiza as suas relações”, opina.
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