Marlene Mainardes da Silva, 59 anos, lembra o tempo em que recebia soro nas veias diariamente. E precisava ir até a Unidade Básica de Saúde do Conjunto Maria Cecília (zona norte de Londrina) para fazer pelo menos quatro inalações por dia. ''Não conseguia caminhar meio quarteirão'', relembra.
Hoje, depois de cinco anos de sofrimento, ela voltou a ser produtiva: trabalha como chapeira em lanchonetes e faz serviços domésticos para terceiros. Ela é uma das 400 pessoas que sofrem de asma na microárea de 4,5 mil habitantes atendidas pelo Programa de Saúde da Família (PSF) local.
É no conjunto que está sendo desenvolvido um programa que está virando exemplo no combate à asma, doença que caracteriza a inflamação das vias aéreas. Através de um trabalho forte de prevenção, com as visitas dos agentes comunitários de saúde, enfermeiro e médico, é possível evitar as custosas despesas com a internação de pacientes acometidos das crises asmáticas. ''Só o que é economizado evitando a internação é suficiente para tratar 40 pacientes'', diz o médico pneumologista e do PSF do Maria Cecília, Alcindo Cerci Neto.
Leia mais:
Passeios de pedalinho no Igapó 2 podem ser feitos até as 23h em Londrina
Código de Posturas será debatido em audiência pública na Câmara de Londrina
Espetáculo “O Pássaro Azul” encerra programação do Cena em Movimento nesta sexta em Londrina
Centro de Doenças Infecciosas amplia atendimento para testes rápidos de HIV em Londrina
Iniciado no Maria Cecília em agosto de 2002, o Programa Municipal de Controle da Asma já é realizado em oito UBS de Londrina, sendo estendido ao Vivi Xavier (zona norte), Santiago (zona oeste), Marabá (zona leste), União da Vitória e Itapuã (zona sul), Vila Nova (área central) e distrito de Lerrovile (zona sul). Ao todo, 21 equipes já foram treinadas. Nesta quinta-feira, Cerci Neto apresenta o programa durante o Congresso Brasileiro de Asma, que acontece em Gramado (RS).
Marlene foi a primeira de 50 pacientes atendidos no Maria Cecília nesta quarta. Todos já estão cadastrados no programa. A abordagem junto ao paciente é feita primeiramente por meio da busca ativa, realizada pelos agentes comunitários. A segunda etapa do atendimento é realizada pelo médico da unidade, que ao diagnosticar a doença faz o cadastramento do paciente no programa. A partir desse momento, a pessoa passa a receber visitas domiciliares constantes dos agentes. São eles que orientam como eliminar os principais causadores da asma.
Entre as principais orientações estão a retirada de cortinas, tapetes, bichos de pelúcia e tudo o que pode acumular poeira. Após receber os conhecimentos de controle ambiental, os pacientes cadastrados participam de palestras educativas sobre o assunto. Essa descentralização aumentou de 15% para 35% a adesão ao programa, em quatro meses. O médico pretende apresentar o trabalho estatístico desenvolvido pelo programa em 60 dias.