A péssima qualidade do alimento oferecido na Casa de Custódia de Londrina e a ausência de atendimento médico teriam ajudado a motivar a rebelião na unidade. A reportagem do Bonde apurou que os detentos estariam insatisfeitos com as três refeições oferecidas por dia e muitos, doentes, acabam piorando por causa da falta de médicos no local. Funcionários, que comem da mesma comida dos presos, confirmaram que, em alguns dias, chegaram a achar bichos na refeição.
Outro ponto envolvendo a alimentação dos presos está relacionado à portaria do Governo do Estado que limitou a entrada de alimentos de fora nas prisões paranaenses. Antes da determinação, os familiares dos detentos podiam enviar comida a eles de 15 em 15 dias. Depois da portaria, o envio de alimento passou a ser mensal e padronizado. O preso que recebia frutas e sanduíches de duas em duas semanas passou a receber apenas pão puro e doce de leite a cada mês.
A transferência de presos do 5º Distrito Policial (DP) de Londrina também teria ajudado a ocasionar a rebelião. Nesta semana, pelo menos 15 detentos do DP foram encaminhados à Casa de Custódia. Muitos deles doentes, principalmente com sarna e outras doenças de pele, passaram os problemas aos colegas. O atendimento médico é raro. Há alguns meses, quando um surto de sarna ameaçou os funcionários, médicos foram até local e resolveram a situação. Atualmente, como o problema é ainda recente, os detentos precisaram conviver com a doença. Muitos chegaram a protestar por remédios dias antes da rebelião, mas o pedido não foi atendido.
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Os colchões usados pelos detentos também são problema. Alguns objetos, não colocados no sol adequadamente, precisaram ser queimados depois de alastrados por percevejos e outros insetos. Até agora, não teriam substuídos. A truculência cometida pelos agentes também incomodam os presos. Muitos teriam a prática de tratar os detentos como bichos. Questões pessoais influenciariam a convivência entre as duas partes.
O Bonde tentou contato com o Departamento Penitenciário (Depen) do Paraná nesta sexta-feira, logo após o término da rebelião, mas não obteve resposta. A Casa de Custódia, que tem capacidade para 288 presos, abriga atualmente mais de 350.