Numa tensa reunião realizada nesta segunda-feira no Núcleo Regional de Educação (NRE), mais de 50 professores de escolas estaduais de Londrina, autoridades públicas do Município e do Ministério Público (MP) decidiram formar uma comissão para visitar as 12 escolas da cidade onde ocorrem mais ocorrências violentas.
Essa comissão definirá em conjunto com pais se os alunos terão as bolsas e mochilas revistadas.
A medida visa conter a criminalidade nos estabelecimentos estaduais de ensino, um problema tão grave que já é tratado como questão de segurança pública.
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Depois de mais de três horas de discussão, os professores presentes deixaram evidente a difícil condição a que estão sendo submetidos nas escolas.
Achacados por membros de gangues infiltrados nas escolas e presentes nos arredores, eles pontuaram inúmeros casos de violência, inclusive com depredação do patrimônio público e ameaças de morte.
Muitos criticaram a ''omissão'' do poder público em relação ao problema, que afeta escolas de todas as regiões de Londrina.
A proposta de revista foi discutida à exaustão e apenas o presidente do Conselho Tutelar, Waldir da Silva, se posicionou contrário à idéia por considerá-la agressiva e constrangedora.
Numa aula de legislação, a promotora da Vara da Infância e Juventude, Édina Maria de Paula, destacou que as leis dão sim muitos direitos aos adolescentes mas também cobra deveres e lembrou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) deve ser interpretado em conjunto com o que preconiza o código penal.
''A revista é legal, mas não resolve o problema por si mesma'', apontou.
A promotora também falou que o temor do professorado é tanto que ''os marginais estão conseguindo se impor pelo medo e marcando o território que não está sendo ocupado pelo Estado''.
Ela citou o caso de uma escola com 1.300 alunos que encerrou as atividades do período noturno por falta de segurança.
O comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Rubens Guimarães, também se posicionou favorável à iniciativa de revistar os pertences dos alunos mas argumentou que o formato dessa abordagem deve ter critérios bem definidos.
''Poderíamos fazer um trabalho educativo, fazendo uma palestra com os alunos e daí o próprio aluno abriria sua bolsa'', opinou.
A iniciativa de combate à criminalidade nas escolas será levada primeiro às 12 escolas com mais registros graves de violência.
Os integrantes da comissão conversarão com os pais dos alunos para só depois definirem se existe ou não a necessidade da revista.
De acordo com o chefe do NRE, Rony dos Santos Alves, esse ''plano A'' não pode e não será realizado apenas pela PM.
O ''plano B'', considerado o mais importante, buscará envolver a comunidade com a escola, na tentativa de cobrar as responsabilidades das famílias com o problema.
A idéia da revista em alunos surgiu depois que um menor foi baleado em uma escola da zona oeste. O revólver teria sido levado por um colega do estudante.
No início da noite desta segunda-feira, a Folha procurou o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, mas não conseguiu falar com ele pelo telefone celular.