''Para eu ser atropelado ali só se chegar a minha hora mesmo.'' A declaração é de David Jones, funcionário de um posto de combustíveis vizinho à passarela para pedestres da Avenida Brasília, na Vila Yara (zona leste).
E é justamente essa certeza de que as coisas ruins não acontecem com a gente que vem fazendo vítimas de atropelamento em pontos onde a simples utilização da passarela evitaria o acidente.
Só nos últimos 10 dias, duas pessoas morreram atropeladas na Avenida Tiradentes (zona oeste), no entrocamento com a BR-369, onde existe uma passarela.
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É fácil flagrar pedestres atravessando as avenidas correndo. Maicon de Assis, 14 anos, mora perto da passarela da Vila Yara. Nesta quarta-feira, porém, ele utilizou um buraco feito na cerca, construída justamente para evitar que as pessoas atravessem a via pela passarela.
''É que estou com pressa'', justificou, após cruzar a pista com uma bicicleta. O motorista Pedro Alaor, 51, também não utilizou a passsarela. ''Foi só essa vez, é que ela é muito comprida'', disse.
Já na Avenida Tiradentes, é mais comum ver pessoas utilizando a passarela. Os irmãos Ruan e Angelito Guillen Pons, 19 e 18 anos respectivamente, moram próximo ao local.
''A construção da passarela facilitou muito'', lembrou Angelito. E eles atestaram: ''É tranquilo atravessar a passarela, é pura preguiça das pessoas''.
O taxista José Bueno, 47, trabalha no local e destacou que vê muitas pessoas cruzando a avenida pela pista. ''Vai acontecer mais acidentes'', previu. Para ele, o problema está na consciência das pessoas.
Essa visão é compartilhada pelo diretor de operações da Econorte, José Luiz Rivert. A empresa é responsável pela construção de quatro passarelas na cidade.
''Elas foram construídas justamente para evitar atropelamentos mas as pessoas são imprudentes'', apontou Rivert. E ele foi além nas críticas: ''Por causa de três metros, as pessoas fazem a loucura de atravessar as avenidas pela pista onde tem muito movimento''.
Para o gerente de fiscalização de trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Álvaro Grrotti Júnior, a cultura e a questão da segurança dificultam a utilização das passarelas. ''Infelizmente, passarela é objeto de enfeite em Londrina'', atestou.