O isolamento social não afeta toda a população de maneira uniforme. Algumas circunstâncias agravantes aumentam o risco de contaminação e mortalidade pela Covid-19, como as condições precárias de habitação, associadas a baixa renda resultante da falta de empregos. Este é apenas um dos aspectos levantados por um grupo de pesquisadores da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que escreveram um artigo intitulado "Riscos de espalhamento do vírus da COVID-19 em áreas de ocupação irregular em Londrina, PR".
O texto é assinado pelas professoras Ideni Terezinha Antonello, Jeani Delagado Paschoal Moura e Léia Aparecida Veiga - todas do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UEL - e pelo professor Alan Alves Alievi, do Colégio Estadual Dario Veloso (Londrina). O artigo completo pode ser acessado neste link.
Os autores salientam, por exemplo, que "apesar de não escolher uma classe social específica para a contaminação, coloca em xeque algumas camadas da população mais vulneráveis socialmente". Em Londrina, conforme o Plano Diretor Municipal, existe uma grande quantidade de áreas em fundos de vale ocupadas irregularmente por famílias vivendo em "condições inadequadas e infraestrutura e serviços urbanos", ou seja, expostas a maiores riscos de epidemias, alagamentos e deslizamentos. Não se sabe o número exato atualmente, mas dados de 2017 da Cohab (Companhia de Habitação de Londrina) falavam em praticamente 4 mil famílias em 69 áreas de ocupações irregulares, ou seja, uma estimativa de mais de 15 mil pessoas em áreas de superadensamento.
Leia mais:
Projeto ''Sextou na Concha Acústica'' abre inscrições para seleção de bandas em Londrina
Interligações em redes podem afetar abastecimento de água em bairros de Londrina
Prefeitura de Londrina aumenta prazo de obra e duplicação da Octávio Genta fica para 2025
Fórum Desenvolve Londrina apresenta indicadores e pesquisa de percepção
A maioria destas ocupações irregulares está nas regiões norte, leste e sul da cidade. Mais de um terço das 69 ficam na zona leste, e quase outro terço, na zona norte. O Centro é a região com menos ocupações irregulares: 2,89% delas. Por outro lado, em todas as regiões há semelhanças: localizam-se em terrenos públicos próximos a córregos urbanos (fundos de vale), infraestrutura básica precária ou inexistente e moradias abaixo do padrão mínimo de construção, onde famílias numerosas ficam expostas às variações do tempo, animais transmissores de doenças e violência de maneira geral.
Extensão
Uma das contribuições da UEL para modificar esta realidade é o projeto de extensão com título "Monitoramento da Elaboração e Aplicabilidade do Plano Diretor Municipal de Londrina", do qual participam as professoras autoras. Segundo elas, o projeto "estabelece um canal de diálogo com os grupos sociais envolvidos no processo, ouvindo as demandas das pessoas e, ao mesmo tempo, dando voz para aqueles que vivenciam a cidade no cotidiano".