Solidariedade
Figura conhecida de Londrina, Lucimara Aparecida Diniz, 42 anos, sobrevive do auxílio das pessoas no calçadão há 20 anos. Ela veio de Osvaldo Cruz (SP) e hoje mora com a mãe no centro da cidade. Lucimara teve poliomielite com menos de um ano de idade.
Nesta quarta-feira (8), ela foi alvo de críticas preconceituosas nas redes sociais, após a foto de uma mulher parecida com ela, na praia acompanhada de um homem, viralizar em um grupo do Facebook.
"E você aí no Calçadão de Londrina dano [sic.] moedinhas pra ela comer né...", escreveu o autor da postagem.
Reprodução/Facebook
O Portal Bonde foi então conversar com Lucimara. Em frente ao Banco do Brasil onde usualmente fica, ela mostrou um semblante triste ao avistar a reportagem se aproximando – já sabendo do que se tratava. "Quem será que fez isso?", indagou prontamente ao Bonde. "Todo dia uns e outros que passam por mim fazem comentários, me chamam de vagabunda, dizem que eu tinha que trabalhar e não ficar por aqui. Será que foi um desses?"
Lucimara conta que está sendo horrível aguentar isso. "Nunca tive homem, nunca tive nada. Não tenho vergonha de falar isso, porque é verdade. Se eu morrer hoje, é isto que eu tenho. É a vida que eu levo desde que nasci. Não tenho uma vida de normalidade, minha vida é restrita, muito limitada."
Uma transeunte do calçadão, ao perceber a entrevista, disse à Lucimara que queria que aquilo [a foto da praia] fosse verdade, para ela ser feliz. "E ter homem é momento feliz?", respondeu. "Se um dia eu chegar na praia, não vou ficar de biquíni, de fio dental. Tenho que me comportar bem, sei da minha condição e não faria isso no meu caso. Eu não me exponho porque conheço a maldade. Sei rezar o Pai Nosso e o vigário."
Lucimara disse que tem o sonho de conhecer Copacabana, motivada pelos livros de Machado de Assis, que falam da Rua do Ouvidor. Assista ao vídeo abaixo:
Alguns internautas organizaram uma "vaquinha" online para ajudar Lucimara. "Confundiram ela com outra moça em fotos de uma suposta férias em praia do nordeste. A mentira se espalhou em grupos de Whatsapp e a falta de responsabilidade na rede fez de Lucimara mais uma vítima dos 'haters'. Infelizmente isso pode ocasionar transtornos por pessoas mal intencionadas. Ajude Lucimara. Compartilhe a verdade e ajude com uma doação", afirma o texto descritivo da "vaquinha" em prol de Lucimara.