Os postos de combustíveis de Londrina estão atuando em cartel: é o que mostra o levantamento realizado pela Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Procon) esta semana na cidade. Dos 46 postos fotografados, mais de 70% apresentaram praticamente o mesmo preço para a gasolina – R$ 2,36 ou R$ 2,37. "As variações chegam no máximo a R$ 0,04. Não há como negar que os postos estão trabalhando em cartel", afirmou nesta sexta-feira Tito Valle, coordenador do Procon de Londrina.
Segundo a pesquisa, a gasolina vem sendo comercializada com preços que variam de R$ 2,35 a R$ 2,39. Apenas três postos vendem o combustível pelo menor preço, enquanto 33 comercializam por R$ 2,36 ou R$ 2,37. Com relação ao álcool, a blitz do Procon revelou que 37 postos, ou seja, 80% dos analisados pela pesquisa, trabalham com preços de R$ 1,56 ou R$ 1,57. Somente três postos dos 46 fotografados comercializam o álcool por R$ 1,55, menor preço encontrado pela pesquisa.
A blitz do Procon registrou os preços de 41,8% dos postos existentes em Londrina, o que permite a elaboração de uma amostra considerável. Segundo Tito Valle, tanto postos de bandeira (que vendem combustível de distribuidores fixos e conhecidos da população) quanto os de bandeira branca (que não vendem marca fixa) estão praticando os mesmos preços. "Os postos de bandeira branca poderiam vender mais barato. O problema parte já da empresa distribuidora e os donos dos postos alegam que os custos com mão-de-obra e taxas tributárias são altos", explicou.
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Segundo Valle, há alguns anos o combustível vendido em Londrina era considerado um dos mais baratos do país. Nessa época, os fornecedores vendiam mais barato para quebrar a concorrência – prática conhecida como dumping. Atualmente, conforme explicou o coordenador do Procon, os preços são praticamente tabelados e quase não há concorrência, configurando a formação de cartel na cidade. "Os preços parecidos impedem que o consumidor exerça o seu direito de escolha. O londrinense fica sem opção e desiste até mesmo de procurar preços mais baixos", afirmou.
O resultado do levantamento será encaminhado na semana que vem ao Ministério Público e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que avalia a formação de cartel e pode punir os postos. "Já existe uma ação em andamento no Ministério Público. Vamos fazer um pedido de providências. O levantamento do Procon servirá de subsídio para reforçar a ação já existente ou pode até mesmo levar à abertura de um novo inquérito policial na cidade", disse.
Serviço
As fotografias feitas pelo Procon nos postos foram reunidas em um painel, que está em exposição na sede do órgão (Edifício Tuparandi, rua Professor João Cândido esquina com rua Pio XII).