Um protesto pelo atropelamento e morte de um garoto de nove anos na zona norte de Londrina teve momentos tensos hoje, pela manhã, quando um homem teria ameaçado com um revólver um dos manifestantes. A confusão começou quando o estudante J.S., 17 anos, que participava da manifestação na Rodovia Carlos João Strass, impediu a passagem do policial militar (PM) identificado apenas como Ricardo, morador do Conjunto Milton Gavetti. O PM estaria em horário de folga.
Segundo testemunhas, o adolescente estava em frente à rua onde Ricardo mora, proibindo que carros passassem pelo local. De acordo com os manifestantes, o policial não quis parar na barreira e um dos garotos teria jogado uma pedra na frente da jog conduzida por ele.
Neste momento, o PM teria tirado uma arma da cintura e ameaçado os manifestantes. ''Ele disse que era ele que mandava na rua e que era para a gente sair daqui'', afirmou a dona de casa Neuza Maria de Moura Farid, 35 anos, que presenciou a discussão.
A população ficou ainda mais revoltada quando policiais militares que acompanhavam a manifestação levaram J. S. para a Delegacia do Adolescente e Ricardo não foi detido e nem teve a arma apreendida pelos colegas. ''O menino foi levado sozinho pela polícia e o policial vai embora. Isso não é certo'', questionou Neuza.
O diretor de trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Álvaro Grotti, esteve no local levando uma proposta de melhorias na rodovia, e os moradores concordaram em liberar a pista parcialmente. Mas alguns manifestantes permaneceram no local até às 17 horas, quando o estudante foi liberado pela polícia. O policial militar envolvido na confusão não apareceu na delegacia para registrar queixa contra o rapaz.
A Polícia Militar vai abrir um procedimento administrativo para averiguar a postura do policial. De acordo com a tenente Roberta Mildenberg, relações públicas do 5º Batalhão da PM, só após o esclarecimento dos fatos a polícia poderá saber se Ricardo fez abuso de autoridade ao expor sua arma em via pública.
Questionada sobre o procedimento da PM em relação ao uso de arma, Mildenberg informou que há duas situações em que os policais fazem uso do armamento da cooporação. A primeira é quando estão em serviço e pegam a arma mediante a assinatura de uma cautela. Neste caso, o PM é responsável pelo equipamento durante todo o período em que estiver trabalhando, tendo que devolvê-lo ao final do expediente.
A segunda situação é referente ao período de folga. O policial poderá ter a cautela caso apresente um motivo, como morar em regiões de alta periculosidade. Neste caso, a arma pode ser levada para casa. Mildenberg ressalta que essa cautela tem que ser renovada a cada 45 dias. A PM também deve averiguar se Ricardo possui essa cautela ou se arma era dele.