Quatro menores detidas, uma janela de ônibus quebrada e algumas discussões. Esse foi o saldo, até o início da noitedesta quinta-feira, do Dia Municipal do Pula-Catraca, manifestação organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para protestar contra o reajuste da tarifa do ônibus de R$ 1,35 para R$ 1,60.
A data foi inaugurada pela manhã com uma cerimônia no Terminal Urbano de Transporte Coletivo (área central). Os manifestantes cortaram uma fita preta e cantaram o Hino Nacional.
Em seguida, os estudantes passaram a distribuir o ''vale-boicote'' e convidaram os usuários a pularem a catraca. Mas foram poucos os que acataram a sugestão. Um dos coordenadores do DCE, Fábio Rizza de Oliveira, afirmou que os manifestantes estavam representando todos os trabalhadores penalizados com o reajuste da tarifa, em vigor desde 1º de janeiro. ''As pessoas precisam escolher entre comprar dois quilos de feijão ou andar de ônibus'', comentou o estudante.
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Após permanecerem por alguns minutos dentro do Terminal, eles decidiram seguir para a Avenida Higienópolis, onde estava outro pequeno grupo de manifestantes. Daquele local, os alunos seguiram em direção à UEL em um ônibus. Quando chegaram ao campus e tentaram pular a catraca, o motorista desligou o motor e fechou todas as portas. Impedidos de sair, os estudantes retiraram a janela da saída de emergência, que teria quebrado, e saíram do coletivo.
O motorista entrou em contato com seus superiores, que acionaram a Polícia Militar (PM). Duas viaturas se deslocaram até o Restaurante Universitário (RU), onde os manifestantes estavam concentrados. Houve um princípio de confusão quando um dos estudantes se negou a fornecer seu nome. O tenente César Kister lhe deu voz de prisão, que acabou não consumada em virtude do estudante recuar e apresentar seus documentos. ''Temos orientação para deter quem tentar pular a catraca'', afirmou o policial.
Quando a situação parecia normalizada, houve nova confusão. Os policiais chegaram a deter dois manifestantes que pularam a catraca de um ônibus que seguia em direção ao Terminal Urbano. Após um bate-boca, os dois foram liberados e a situação se acalmou.
Às 11h30, quatro meninas com idades entre 14 e 16 anos foram detidas em frente ao Colégio Estadual Vicente Rijo, onde estudam. Segundo o delegado de plantão Fátimo Siqueira, policiais militares relataram que as jovens tentaram impedir que a porta de trás de um ônibus que seguia rumo ao centro fosse fechada. Em seguida, teriam se recusado a descer do veículo. Elas foram ouvidas na 10ª Subdivisão Policial (SDP) e liberadas em seguida. À tarde, a direção da Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL) registrou boletim de ocorrência pela janela do ônibus que foi quebrada na UEL.
Rafael Morais Português, um dos coordenadores do DCE, afirmou que a reação da PM foi ''exagerada''. ''Eles não agiram de forma adequada a uma manifestação pacífica. Deram voz de prisão a alguns estudantes e ameaçaram levá-los'', disse o estudante. Ninguém do comando do 5º Batalhão da PM foi localizado para comentar as críticas de Português. O Ministério Público pede o revogamento do reajuste da tarifa.
Numa análise preliminar do Dia do Pula-Catraca, Rafael Português afirmou que a adesão dos usuários foi num primeiro momento ''tímida'', devido ao que chamou de ''intimidações'' por parte da polícia. Mas no resto da manhã, segundo o estudante, a participação já foi maior.
O universitário José Carlos Costa Júnior, outro coordenador do DCE, explicou que entre a noite desta quinta-feira e a manhã de sexta o Diretório chamaria reunião para avaliar o Dia do Pula-Catraca. À tarde, a manifestação esfriou. ''As concentrações maiores seriam mesmo nos horários de entrada e saída de aula. Não são pessoas contratadas que estão protestando, são estudantes, têm seus compromissos'', disse Costa. À noite, haveria nova concentração em frente ao RU.
O presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Wilson Sella, estava fora da cidade nesta quinta à tarde. Por telefone, ele disse à reportagem que acompanhou ''de longe'' o Dia do Pula-Catraca. ''Preciso ter mais informações (sobre o protesto) para formar uma opinião. Pelo que vi, parece que tudo transcorreu normalmente'', afirmou.