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Líder religiosa

Sem sucessor, casa de candomblé de Yá Mukumby será fechada

Samara Rosenberger - Redação Bonde
27 jul 2014 às 15:47
- Arquivo Bonde
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As atividades da casa de candomblé da mãe de santo Vilma Santos de Oliveira, mais conhecida como Yá Mukumby, serão encerradas em breve. A líder religiosa foi assassinada no dia 3 de agosto do ano passado, junto com mais três pessoas: sua mãe, Allial de Oliveira dos Santos, 86 anos; sua neta, Olivia Oliveira Santos, 10 anos, e Ariadne Benck dos Anjos, 48 anos, mãe do assassino Diego Ramos Quirino.

A decisão de fechar as portas do terreiro foi tomada pela família da yalorixá. Em entrevista ao Bonde, Gislaine Helena Santos de Oliveira Rodrigues, filha de Vilma, afirmou que a mãe não deixou sucessora para dar prosseguimento aos trabalhos. "Eu já havia conversado com ela e a questionei sobre o que faríamos caso acontecesse algo. Ela mesma disse para despachar tudo e é o que eu estou fazendo", afirma. "Eu não sou do candomblé, então não tem motivos para continuar com esse império. Estou esperando resolver as questões burocráticas para me desfazer de tudo e mudar daqui", completa.

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Os rituais de encerramentos estão sendo conduzidos por adeptos da religião, ou como são chamados, filhos de santo da yalorixá. Fátima Beraldo, que exerce uma das funções de responsabilidade da casa, afirma que o processo já está em última etapa, pois foi preciso esperar um tempo para que a família digerisse o choque da chacina. "Ela ficou extremamente abalada e desamparada, não só porque a Dona Vilma era referência de vários movimentos e organizações, mas também a líder da família".

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Ainda de acordo com Fátima, a possibilidade de transformar a casa em um centro de referência cultural foi cogitada, mas acabou descartada por questões jurídicas da partilha de bens.

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O Ilê Axé Ogum Megê foi fundado em 1968, quando Dona Vilma tinha apenas 18 anos de idade. Ela realizava os rituais e celebrações em sua casa, localizada na rua Olavo Bilac, no Jardim Champagnat, em Londrina. Mais tarde, a sede foi transferida para Cambé.


Yá Mukumby nasceu em Jacarezinho, região Metropolitana de Londrina, em 17 de julho de 1950 e veio para Londrina 11 anos depois.

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Coletivo "Por Amor a Yá Mukumby"


A perda de uma das mais importantes líderes do movimento negro em Londrina fez com que diversos amigos da mãe de santo se mobilizassem para dar continuidade ao seu legado.

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Poucos dias após a chacina, professores, artistas, jornalistas e outros profissionais formaram o coletivo "Por Amor a Yá Mukumby". Desde então, várias ações estão sendo realizadas e planejadas.


No dia 2 do próximo mês, uma manifestação popular vai cobrar agilidade no processo contra o acusado. "Não queremos que o caso caia no esquecimento", justifica José Mendes, líder do grupo. "Além de abordarmos a questão da intolerância religiosa, vamos protestar contra o feminicídio, pois além da Dona Vilma, mais três mulheres foram assassinadas".

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O ponto de partida do protesto será o Calçadão Central, em frente ao Banco do Brasil, com término na Concha Acústica "Convidamos toda a comunidade de Londrina e do Paraná a se unir e dar um basta nessa violência", diz Mendes.


Outro evento organizado pelo coletivo é "O Segundo Samba da Yá", evento musical criado pela líder religiosa no ano passado. "A primeira edição foi um sucesso e queremos repetir", explica Mendes. A apresentação será realizada no dia 9 de agosto, no Cemitério dos Automóveis, com atrações musicais a serem definidas em breve. O dinheiro arrecadado será revertido para a família de Vilma.

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Lançamento de livro


Uma coletânea inédita, com textos dos participantes da Semana Nacional da Consciência Negra, realizada na Universidade Estadual de Londrina (UEL) no ano passado, também será lançada em agosto.


Organizado por Maria Nilza da Silva, docente de Sociologia da UEL e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), e Jairo Queiroz Pacheco, professor do departamento de História da UEL, o livro trará contribuições do escritor londrinense Bernardo Pellegrini, do Promotor de Justiça Paulo Tavares, entre outros profissionais que apoiam a causa.

A publicação terá cerca de 200 páginas e é uma iniciativa do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL. Informações de serviço também serão divulgadas pela organização posteriormente.


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