Em anúncio feito na Casa Rosada nesta terça-feira, 7, a presidente argentina, Cristina Kirchner, reivindicou o direito de soberania sobre as Malvinas, agravando as tensões com a Grã Bretanha às vésperas do 30º aniversário da guerra travada entre os países. O governo argentino exige que Londres aceite as resoluções das Nações Unidas, que determinam que ambos os países iniciem negociações para solucionar a disputa sobre a ilha de 2.913 habitantes.
A declaração foi feita em um ato dirigido a ex-combatentes da Guerra das Malvinas, que contou com a presença de governadores, prefeitos, parlamentares, empresários, funcionários públicos e representantes de organizações sociais. Os principais líderes opositores também participaram do evento, em uma das raras ocasiões em que foram convidados a atos oficiais desde que Cristina assumiu o poder, em 2007. O conflito sobre as Malvinas é considerado o único tema sobre o qual os diferentes grupos políticos da Argentina convergem.
Temores
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De acordo com o jornal argentino Clarín, o principal medo dos habitantes da ilha é que se cortem os convênios de cooperação assinados em 1999, dos que dependem o voo semanal da LAN desde Punta Arenas. Por outro lado, existe a possibilidade de que sejam fechados acordos nas áreas de petróleo o pesca, informa o jornal.
Tensão agravada
O Reino Unido anunciou, na semana passada, que enviará às Malvinas um de seus navios de guerra mais modernos, apesar de informar que a operação havia sido planejada há muito tempo. Desde a última quinta-feira, o príncipe William da Inglaterra está nas ilhas. Diplomatas britânicos consideram que a Argentina tenta organizar um bloqueio econômico às Malvinas e impedir a saída do único voo da LAN Chile que liga as ilhas ao Continente americano, afirmou na semana passada o jornal The Guardian.
Já os líderes da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos de América) se reuniram no último final de semana em Caracas para estudar uma proposta para impor sanções contra a Inglaterra devido à sua "atitude colonialista". Além disso, em dezembro, os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) decidiram bloquear a entrada em seus portos de navios com bandeira das ilhas Falkland (Malvinas).
As Ilhas Malvinas são compostas por duas ilhas principais e outras ilhas menores, situadas ao largo da costa da América do Sul. A Argentina reclama a soberania sobre as ilhas desde o século XIX. Em 1982, tropas argentinas tomaram a capital, Stanley, como parte dos esforços do general Galtieri de contornar as críticas feitas ao seu governo ditatorial, acusado de má administração e de abuso dos direitos humanos. O objetivo era unir o país com um discurso patriótico e melhorar a imagem do governo militar. No entanto, a Grã Bretanha enviou 28 mil combatentes para combater a invasão, número três vezes maior que a tropa rival. A Argentina saiu arrasada da guerra, com elevado número de mortos e desmoralizada.
Reflexos na Espanha
O aumento da tensão entre Argentina e Inglaterra em relação às ilhas gerou reflexos na Espanha, que reabriu o debate sobre a soberania de Gibraltar, também sob domínio britânico. A Argentina e a Espanha mantém há anos uma disputa com o governo britânico para tentar recuperar territórios que lhes pertencem historicamente.