Os avós de S. pedirão auxílio à Embaixada Brasileira nos Estados Unidos para visitar o menino de 9 anos levado pelo pai David Goldman, após viver cinco anos no país durante uma intensa batalha judicial. Desde que a criança embarcou, levando dois celulares, eles não têm contato com o neto. "Queremos a ajuda do governo brasileiro. Não temos nenhuma estratégia jurídica. Quero apenas ver o meu neto. Escrevi uma carta ao presidente Lula e até hoje não obtive resposta. Queria que ele me dissesse onde estão os direitos humanos no Brasil", afirmou Silvana Bianchi, avó de S..
Ontem, Silvana revelou como foram as últimas horas de S. no País desde a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, na terça-feira à noite até a entrega do menino ao pai ontem no Consulado dos Estados Unidos, no Centro do Rio. "S. sabia de tudo sobre o processo dele. Nós informávamos a ele até porque hoje em dia as crianças têm acesso a internet. Assim que saiu a decisão do ministro, eu contei a S. Ele chorou e me abraçou sempre repetindo que queria ficar", contou Silvana.
Segundo ela, mais calmo, S. reclamou da decisão. "Primeiro, eu perdi a minha mãe e agora vou perder a minha família inteira", teria dito o menino em referência à morte da mãe, a empresária Bruna Bianchi, após o nascimento da sua segunda filha, Chiara, em agosto do ano passado. "Esta decisão do ministro é desumana. Foi uma covardia separar dois irmãos. Ele trocou o meu neto por um acordo comercial entre os dois países. A criança tinha que ser ouvida. Para que serve o Estatuto da Criança e do Adolescente?" questionou.
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De acordo com a avó, após uma noite agitada, S. chegou ao Consulado dos Estados Unidos com febre. A entrada foi tumultuada devido ao cerco dos jornalistas. Após entrar, muito nervoso, o menino pediu um copo d'água e vomitou em seguida. "Me revolta esta versão de que ele estaria feliz e comeu um hambúrguer com o pai", apontou Silvana referindo-se à narrativa do encontro feita pelo deputado republicano Chris Smith à mídia dos EUA. O político de New Jersey criticou a família brasileira por expor o menino no consulado.
"As ruas de acesso ao consulado estavam fechadas e não fomos convidados a entrar pela garagem como informa a porta-voz do consulado dos EUA. Isto é uma mentira deslavada", declarou o advogado de Silvana, Sérgio Tostes. Assustado, S. ainda presenciou um bate boca entre o advogado e o deputado norte americano. "Eles impediam que a avó subisse para passar as instruções sobre medicamento e alimentação para David. No entanto, o deputado fazia questão de posar com o menino. Questionei isto e ele disse `você é um sequestrador'. Eu respondi a ele 'você é um mentiroso profissional'", disse Tostes.
A psicóloga do consulado recomendou que o menino subisse rapidamente para encontrar o pai. Após mais negociações, as autoridades norte-americanas concordaram que a avó o acompanhasse e orientasse David sobre as restrições alimentares e medicamentos de Sean.
"Subi ao segundo andar do consulado com Sean. Expliquei a David sobre as alergias e o momento difícil do S., que perdeu a mãe há um ano e meio. Beijei meu neto e disse a ele que nossos corações vão estar juntos para sempre e isto ninguém separa, censura ou arranca, como fizeram. David foi gentil ao ver o desespero do filho e disse que estava lutando por cinco anos e o trataria muito bem". Segundo ela, o primeiro pedido que S. fez ao pai foi para que David aprendesse português. O norte-americano teria concordado.