O presidente do sindicato dos investigadores policiais de Portugal criticou os pais da britânica Madeleine McCann, desaparecida em maio, por terem criado o que chamou de "um monstro de informação" que pode ter colocado a vida da menina em risco.
"Os assessores de imprensa contratados pela família continuam empurrando a história para os jornais, e isso claramente não ajudou a resolver o caso", disse à BBC Carlos Anjos, presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC).
Anjos reprovou a decisão de Kate e Gerry McCann de divulgar em todo o mundo fotos que mostram uma mancha que Madeleine tem em um dos olhos.
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"Pela nossa experiência, este é um caso de seqüestro. Acreditamos nisso desde o início. Mas em casos assim, revelar uma marca física tão pessoal pode colocar a vida do refém em perigo", afirmou.
Segundo Anjos, os investigadores diretamente envolvidos no caso chegaram a avisar o casal McCann para o risco.
'Fome da imprensa' - O policial criticou também a atitude da imprensa no caso.
"Nenhuma investigação criminal é capaz de alimentar a fome da imprensa por seis meses", disse Anjos. "Por isso vemos jornalistas britânicos e portugueses se comportando de maneira escandalosa e pouco profissional. Algumas dessas histórias terríveis afetaram os McCanns."
Mas, segundo ele, o casal também tem certa culpa por isso. "Foram os McCanns que primeiro vieram contar a história para a imprensa, eles que deram todas aquelas entrevistas coletivas. Eles criaram um monstro de informação sobre o qual agora perderam o controle", afirmou Anjos.
Madeleine desapareceu do apartamento alugado onde a família passava férias, em um condomínio na Praia da Luz, na costa sul de Portugal.
Os pais jantavam em um restaurante próximo e haviam deixado a menina e seus irmãos gêmeos mais novos dormindo sozinhos.