A ocorrência este mês de dois furacões em um prazo de uma semana - o Harvey, no Texas, e o Irma, em países do Caribe e da Flórida - reacendeu o debate sobre as mudanças climáticas e trouxe novas críticas ao posicionamento da gestão Trump. A maior parte da comunidade científica americana relaciona a incidência de furacões mais destrutivos ao aumento da temperutura global.
Um estudo chamado Relatório Especial Ciência e Clima, do Programa de Investigação da Mudança Global dos Estados Unidos (CSSR, a sigla em Inglês), que reune cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), da Nasa e de mais 11 agências federais do país, afirma que a atividade humana contribui para o aumento da temperatura global e, consequentemente, a incidência de furacões.
No estudo, a incidência de furacões mais destrutivos é usada como evidência de que é "muito provável que mais da metade do aumento das temperaturas, ao longo das últimas quatro décadas, foram causadas pela atividade humana.
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O relatório é parte da Avaliação Nacional do Clima e começou a ser feito durante o mandato de Bill Clinton, em 1990. Em junho, o estudo foi publicado pela comunidade científica, que encaminhou o relatório para avaliação da Casa Branca. Até então, a administração Trump não se pronunciou.
As conclusões batem de frente com a ideologia defendida por Donald Trump - de que não é possível comprovar que o aquecimento global é consequência da interferência humana.
A Union of Concerned Scientist (UCS, a sigla em inglês para a União dos Cientistas preocupados com o clima), uma entidade que reúne especialistas norte-americanos, também publicou em sua página um artigo em que afirma haver probabilidade de ocorrerem mais furacões destrutivos, como o Irma, que afetaram milhões de comunidades e colocaram estruturas em risco.
Estudos sobre os furacões e o aquecimento global já foram desenvolvidos várias vezes pela comunidade científica americana. A UCS trouxe o assunto à tona novamente por ocasião da passagem do Irma - já são mais de 60 mortes confirmadas e algumas ilhas destruídas no Caribe - Antigua e Barbuda, San Martin, Ilhas Virgens Americanas, e Turks e Caikus (território britânico).
Além das ilhas devastadas, são registrados enormes prejuízos financeiros - ainda não totalmente contabilizados - para praticamente todos os países e territórios caribenhos: Porto Rico (EUA), República Dominicana, Haiti, Cuba e Bahamas.
No continente, os Estados Unidos tiveram nove estados afetados, entre eles a Flórida, que teve todo o seu território atingido.
A UCS lembra que "para as comunidades costeiras, as cicatrizes sociais, econômicas e físicas deixadas por grandes furacões, como o Irma, são devastadoras".
Os cientistas reafirmaram que os furacões são parte natural do sistema climático. Lembraram, no entanto, que as pesquisas recentes sugerem o aumento de seu poder destrutivo, ou intensidade, desde a década de 1970, em particular na região do Atlântico Norte.
Medidas do potencial de destruição de furacões, calculadas a partir de sua força ao longo da vida útil, também mostram uma duplicação desse potencial nas últimas décadas. Um exemplo é o de um furacão que se mantém em níveis 4 e 5 (mais destrutivos) na escala Saffir-Simpson (que vai de 1 a 5) por mais tempo, causando mais danos.
Não só os furacões no Atlântico estão se intensificando, os tufões do Oceano Pacífico também estão atingindo a Ásia de maneira mais feroz.