O Tribunal do juri de Belém começou hoje a julgar dois dos seis acusados de praticar tortura, abuso sexual e assassinato de meninos, no município de Altamira (PA). Os crimes, 19 no total, aconteceram há mais de dez anos e essa é a primeira vez que os envolvidos vão a julgamento.
Entre 1989 e 1993 pelo menos 19 meninos entre 8 e 13 anos foram vítima de supostos integrantes de uma seita religiosa. Seis deles foram mortos e 5 ainda estão desaparecidos. Em comum, os crimes tiveram a castração das crianças, todas do sexo masculino e de famílias de baixa renda. O crime em série ficou conhecido como o caso dos meninos emasculados de Altamira, município paraense onde ocorreram os ataques. Eles foram vítimas de abuso sexual, queimaduras, espancamanento, extração do olhos e dos órgãos sexuais, entre outras agressões.
Fatos semelhantes já foram registrados em outros estados brasileiros, como Paraná e Maranhão, o que leva as autoridades a acreditarem numa ligação entre eles. Segundo Nielmário Miranda, uma das principais acusadas, a fundadora da seita Lineamento Universal Superior (LUS), Valentina de Andrade, também é acusada de envolvimento no sacrifício de crianças no Paraná.
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Ao todo, foram incriminados cinco réus. Além da líder religiosa, vão a juri popular Amailton Madeira Gomes, filho de um fazendeiro local, os médicos Anísio Ferreira de Sousa e Césio Flávio Caldas Brandão e o ex-policial militar Carlos Alberto Santos. A previsão é que o julgamento de Amaílto e Carlos Alberto termine na sexta-feira. Se condenados, eles podem pegar pena de até 30 anos de prisão.
O secretário de Direitos Humanos, ministro Nilmário Miranda, está acompanhando o primeiro dia de julgamento para demonstrar o interesse do estado brasileiro no processo e garantir que ele corra sem problemas. Por determinação do ministro, a Polícia Federal está dando proteção às testemunhas de acusação, entre elas, dois sobreviventes. Com a proximidade do julgamento, algumas pessoas começaram a sofrer ameaças para desistir de depor.
No início da sessão, o juíz Ronaldo Valle, de Tribunal do Júri de Belém, decidiu que os outros três acusados serão julgados em separado, no dia 2 de setembro, para evitar uma eventual manobra da defesa. Havia o temor de que os advogados de defesa tentassem adiar mais uma vez o julgamento, recusando jurados diferentes. O juíz disse que não vai tolerar o que classificou de "clara intensão de tumultuar o processo". O sexto acusado, Aldenor Ferreira de Souza, está foragido.